Conta-me os segredos que guardo quando te entrego a minha alma...
Ou o que te revelo quando, tímida, me escondo na tua calma...
Diz-me tudo quanto sinto, por sentir que não o digo,
Ou tudo aquilo que declino, apenas para te ter comigo...

Diz-me das lutas que travo, das responsabilidades que encaro
Dos erros aos quais eu não fujo, das virtudes às quais eu me amarro
Da mania de afugentar, meus fantasmas nas canções
Ou na escrita... debitada sem pretensões...

Faz-me saber quem sou, porque ninguém me vê como tu!

Faz-me acreditar, voltar a confiar...

Eu vou continuar a caminhar... "caminhando até ti"

Eu ando assim
Ando atrás de ti
Acordo assim
Na estrada em que vou
E a cada passo
Sei saber melhor
O que vejo…
Melhor não há
Do que a condição
De querer sonhar
E esta paixão…
E eu gosto e posso…
Reparo sim
Estou a ser feliz
E vem a mim
O que eu sempre quis
Está muito bem
Andar por aqui
É tanto…
E amanhã
Só vai ser melhor
Ficar também
Só com o amor
E eu gosto e posso…
Melhor não há
Que a condição
De querer sonhar
E esta paixão…
Eu gosto e posso…
Estou aqui onde eu sei
Sei como venho
E sempre vim
Caminhando até ti…
Chego sempre a fugir
Cheguei agora
E vim aqui…
Caminhando até ti…
Caminhando até ti…
Caminhando até ti…
Caminhando até ti…

Rui Veloso

[2008/09/30]

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18:24

Nenúfar - Fernando Lusbelo



Não quero que ninguém me venha incomodar esta tarde. Estou a pensar em ti.
Todo o esforço é pouco, toda a atenção não basta. Penso em ti que chegas das mais diversas maneiras e não tenho modo de controlar por inteiro. Apareces ali e depois saltas para muito longe no tempo ou no espaço, baralhando-nos as vidas. Ouço-te dizer uma frase que não chegas a completar porque pelo meio irrompe uma recordação mais apressada. O melhor é deixar vir o que tem de vir porque tentar fixar uma imagem é condená-la a desaparecer, ensaiar uma recordação é afastá-la para longe, correr o risco de para sempre a perder.

Pensar em ti é um mágico jogo em que continuas a brincar comigo para além da minha vontade.” (…)


Pedro Paixão in “Amor Portátil” - Pág. 49

[2008/09/29]

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09:54



(...)Fica tão fácil entregar a alma

A quem nos traga um sopro do deserto

Olhar onde a distância nunca acalma

Esperando o que vier de peito aberto

Se eu fosse a tua pele

Se tu fosses o meu caminho

Se nenhum de nós se sentisse nunca sózinho(...)

[2008/09/26]

11:34

Fotografia de Jorge Abrantes


O teu corpo tem enredos onde me quero embrenhar,
conta-me segredos que eu nunca possa revelar
Derrete-me os momentos mais frios com os toques mais quentes
torna-os rios, com os teus afluentes...

... e navega... no doce balanço do amor.

Preenche-me as linhas com os teus argumentos,
Faz-me em ti personagem principal,
Nos caminhos de ti eu nunca me perco
Mesmo se nunca encontro um ponto final...

És luz, calor...

Início, meio e fim...
... em mim...

[2008/09/25]

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Dançamos juntos no compasso duma música ainda por inventar
Como se os poetas não soubessem o que somos ou o que temos,
Mas deslizamos indiferentes a esta não existência,
Numa eterna descoberta de nós...

Compomos uma sinfonia de notas e sentires,
Pautas de amor, carinhos sustenidos e beijos bemóis,
e vice versa...
Melodias de eloquentes poemas não escritos
Que dançamos e abraçamos, enquanto nos equilibramos num trapézio...

... sem rede...

Reinventamos estados de alma
Risos, lágrimas, descobertas... dores
Ao som da nossa sinfonia
Uma sinfonia de Amores... cores e sabores!

[2008/09/24]

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Dois dos artistas portugueses que mais admiro... LINDO!!

[2008/09/24]

07:55



Naquele instante, não mais que alguns segundos...
Entre o fim de uma música e o começo de outra,
bastou um olhar...


O teu olhar absorve-me numa carícia doce e sem palavras,
os teus lábios...
os teus lábios dizem-me carinhos silenciosos, num beijo.
E de repente...
De repente desenhas afagos quentes no meu corpo,
Vestes-me de beijos, e despes-me de inibições,
Desenhas-me as curvas nas palmas das mãos,
no meu corpo, ávido de ti...
E eu em ti...
Respiro-te sôfrega dos teus sussurros,
Cheiro-te inebriada a pele suada de mim,
Provo deliciada cada pedaço de ti...

Uma entrega...

Desvendo cada enigma do teu corpo
Enquanto dedilhas cada pedaço do meu,

Uma e outra vez...

Fecho os olhos e escuto agora
Os gritos de prazer que me abandonam
Sinto... num suspiro,
O corpo que se emociona,
numa lágrima coberta de Amor...


[2008/09/23]


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Praia das Miragens - Moçâmedes, Angola - Sérgio Monteiro


Pálida à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar! na escuma fria
Pela maré das àguas embalada!
Era um anjo entre nuvens de alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era mais bela! O seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim, meu anjo lindo,
Por ti, as noites eu velei chorando,
Por ti, nos sonhos morrerei sorrindo!

Mário Estevão Lafayas, Fevereiro 2006

[2008/09/22]

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10:14

Botticelli - Primavera

Não importa onde você parou... Em que momento da vida você cansou... O que importa é que sempre é possível e necessário "Recomeçar". Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo... É renovar as esperanças na vida e o mais importante... Acreditar em você de novo.

Carlos Drummond de Andrade

Hoje, estas palavras que um dia me foram endereçadas pela minha querida amiga Gina (mais uma vez) e acompanhadas desta mesma pintura de Botticelli, Primavera, servem para mim, e para todos quantos de alguma maneira estão a recomeçar algo. E farei mesmo uso (ou abuso) das palavras da minha amiga e fazer delas, as minhas:

"E também te mando uma primavera que, para mim é sempre um recomeço, um reverdecer, ou não tivesse eu [nós] nascido quando toda a Natureza acorda do torpor do Inverno e brota de novo com toda a força do que é novo."
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12:26

Rio de Mouro/1977

Ao que parece, a criança destemida, como sempre fui descrita, também tinha medos em pacanina... E pelos vistos... da sombra.
Como explicar a uma criança que aquela coisa que anda ali no chão colado a ela, não passa da sua imagem reflectida!?

Hoje, as sombras que atemorizam são outras, são de outra ordem. Podem tornar-se tão intensamente intrusas, absorventes, endérmicas que parecem em determinados momentos vestir-nos os dias e a alma de cinzento. Trazem ansiedade. Incrível como estas sombras nos podem perseguir mesmo se não está Sol, mesmo se o Crepúsculo já avança ou a Aurora não desponta.

Nestes momentos sentimos, não só as nossas dores, mas tomamos as dos outros e estamos com a sensibilidade à flor da pele. O local de trabalho parece ter um qualquer repelente de boa disposição, as pessoas estão desprovidas de paciência, de benevolência e de compreensão - é assim que começam muitas Guerras...

Mas eu não quero Guerras, não sou uma pessoa de Guerras - armo-me sim, do meu melhor sorriso, sabe Deus com que dificuldade - e lá vou, para mais uma tarde que vai terminar... só não sei a que horas...

[2008/09/18]

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09:32

Angola 1969


Hoje acordei à deriva de mim.
A madrugada avançou pela manhã trazendo-me o sabor salgado das incertezas e os olhos inchados do desatino.
Atingida no erguer pelos estilhaços da realidade que procuro à força camuflar.
Sinto falta, como dizer que não!?...
Sinto falta até da espera que se provou inglória, mas mais ainda da espera que te trouxe a mim - uma vida!
Dos risos, das lágrimas juntos - de me descobrir em ti e o inverso.

Hoje o dia acordou a chorar.
Lembrei-me da imagem de uma lareira, de um Porto... e de uma música...
Lá longe, claro... o marulhar das ondas
Cá dentro, o crepitar da lenha e
... em nós...

o pulsar dos corações.

[2008/09/17]

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13:27

Cuba/La Habana vieja/ 2002


Não busco o futuro.
Não mostro a minha mão aberta.
O futuro chegará...
Sina, destino... estará escrito?
Não sei...
Eu procuro escrever o argumento do meu viver, a cada dia, a cada instante... e aí, já não há a possibilidade de rasgar e deitar fora o que quer que seja.

Sei que o meu papel é aqui e é agora!
Hoje é hoje!

... e é hoje que estou feliz por existires e por me prestares atenção...

... mesmo que sinta saudade da tua saudade...

[2008/09/16]

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16:36

Fotografia de Fernando Lusbelo - Angola


Desbravei caminhos de enleios.
Entreguei-me sem medo ao percurso armadilhado das emoções.
Arranhei-me nas silvas do sentir, afundei-me nas areias movediças da amizade...
Acordei, sem ter dormido, noites sem fim de estrelas e luares,
... choveu, secou e voltou a chover e eu não parei...
Despi-me...
E ali... onde todos os meus caminhos vão dar... deixei-me cair exausta nos braços que me acolhem num carinho que parece não ter fim...
Aqueci-me sem sequer ter percebido quão gelada estava...
Escorreguei nas mãos que abarcam todo este mundo e deixei que pequenas gotinhas do meu orvalho gerassem um oceano.
Assim, calma e tranquila já... adormeci

A tua LUZ foi o que me guiou... como é bom chegar e ver a tua Luz...

Feitos de chão, de chuva e sonho
Fora do tempo
Despedaçado o que fica de nós
Nas batalhas sentidas cá dentro
Por isso é que eu sigo esse brilho de noite
Que é estrela ou chama
Olhar ou mar
E vou procurar essa luz
Mas só quero lá chegar contigo
Feitos de tempo em mil pedaços
De escuro e luar
Há uma noite que é escolhida pra ser
Essa noite que se há-de guardar
Por isso é que eu sigo esse brilho ou calor
Que é estrela ou chama
Ou tu em mim
E vou pra poder descobrir
Quem é que ainda sou contigo
Dispo o cansaço e recomeço
Mais uma vez
Há um sorriso que nos salva do frio
E recolhe o que a vida desfez
Se me desarmo noutro feitiço
Num outro olhar
Há um abrigo que não deixa morrer
Quem nós somos e o que temos pra dar
Por isso é que eu sigo esse brilho da noite
Que és tu em mim
Ou quem fui
E vou pra poder descobrir
Quem é que ainda sou contigo

Escuro e Luar - Mafalda Veiga

[2008/09/15]

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12:24

Palavras para quê!!??

[2008/09/12]

Fotografia de Graça Rodriguez


Crónica para ser lida com acompanhamento de 'kissange'

Porque é que o lugar mais belo que se recorda é o mais belo? Onde está o segredo da sua conquista? Talvez na proximidade com a felicidade ou no dom que possui a sua evocacão para ajudar a atravessar os momentos difíceis. E pode estar no despertar e adormecer de um oceano de girassóis. No descobrimento da beleza, da satisfacão e da alegría no meio da miséria e do horror.

O mais belo que vi até hoje não foi um quadro, nem um monumento, nem uma cidade, nem uma mulher, nem a pastorzinha de porcelana da minha avó Eva quando era pequeno, nem o mar, nem o terceiro minuto da aurora de que falam os poetas: o mais belo que vi até hoje foram vinte mil hectares de girassol na Baixa do Cassanje, em Angola. Saíamos antes do amanhecer e com a chegada da luz, os girassóis levantavam a cabeça, ao mesmo tempo, para Oriente, e a terra enchia-se, por inteiro, de grandes pestanas amarelas nos dois lados do caminho e recordo, numa ocasião, um grupo de macacos numa ladeira, quietos, observando-nos. Depois, cansaram-se de nós e desapareceram sob a sombra dos arbustos.

O mais belo que vi até agora foi Angola e, apesar da miséria e do horror da guerra, continuo a querê-la com um amor que não se apaga. Amo o seu cheiro e amo as suas pessoas. Talvez os momentos que tive mais próximos daquilo a que se chama felicidade tenham acontecido quando assistia a partos e resolvía os problemas que as mulheres e o meu companheiro feiticeiro (euá Kimbanda!) não eram capazes de solucionar. Quando acabava, saía da enfermaría como se ainda tivesse nas minhas mãos uma pequena vida trémula e sentia-me feliz. As mangueiras, imensas, sussurravam sobre a minha cabeça, o senhor António espreitava da cantina. É engraçado: nos momentos difíceis, a memória da Baixa do Cassanje ajuda-me. Recordo o chefe Macau (euá Muata!), e digo a mim próprio:

- "Tumama tchituamoc", que significa, em síntese, senta-te e serena.

Se fosse à janela, decerto que avistaria, mesmo em Lisboa, vinte mil hectáres de girassóis, perdendo-se da vista, as pestanas amarelas, os macacos. A incrível beleza das raparigas, a sua pele tão suave, a tía Teresa, gorda, enorme, que dirigia uma casa de putas en Marimbá, e sabia muito mais sobre a nossa condição que qualquer outra pessoa que tenha conhecido.

Euá tía Teresa!

Euá os tambores"!, pela noite na povoação de Dala, a marijuana dos ritos funerarios (euá liamba!).

Conversava com a tía Teresa ao entardecer quando sentía saudades. Às vezes oferecia-me uma das suas criadas: nunca fui capaz de aceitar. Mandava trazer uma bacia com água, sabão, uma toalha, e ambos lavávamos solenemente a cara. Um día entregou-me um frasco com pó de talco, com o propósito de me proteger do mal. E talvez me tenha protegido. E comíamos juntos moamba, essa carne de galinha ou vaca guisada com azeite de palma: ela e o Kimbanda Kindele, ou seja o médico branco. Eu que tantas vezes, em África, tive vergonha de o ser. O meu corpo tão desengonçado. Aproximava o ouvido de uma árvore e não sabía, como a tía Teresa, quem estava a chegar. Mas o chefe Kaputo pediu-me que fosse padrinho do seu filho, a maior distinção que recebi até hoje: e, por educação, nada disse sobre a minha forma de dançar. Uma velha com a brasa do cigarro no interior da sua boca apertou os meus dedos com os seus

euá Velha!

Apertou os meus dedos outra vez: estou a escrever isto com uma grande alegría, a mesma com que aos domingos de manhã fumava cachimbo de mutopa com os homens, ouvia-os falar, jogava com eles a uma espécie de gamão com pedras e olhava a jangada a atravessar o río Kambo, já sob as sombras do crepúsculo, com as luzes de Chiquita à distância. Os girassóis inclinavam a cabeça para poder dormir, os insectos voavan contra os faróis do jipe, no caminho. A fazenda de tabaco do senhor Gaspar, com as suas caveiras de hipopótamo. O senhor Gaspar sorría no interior do bigode

euá senhor Gaspar!

Sentávamo-nos na varanda

-Tumama tchituamo

E o seu papagaio, entre gritos, fazia tilintar a candeia: dava medo a obscuridade. Ali vinha a criada com a água, o sabão, a toalha. No meio da miséria e do horror havía momentos de uma satisfação enorme. Uma paz como de santo que não voltei a encontrar. O que mais amo no mundo são os girassóis da Baixa do Cassanje e eu caminhando (voando) entre eles.

Euá Velha!

aperta os meus dedos outra vez.

António Lobo Antunes

Obrigada Gina, por um dia me ter enviado esta crónica!!

[2008/09/11]

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Peniche



A'S VEZES .
SO'.
TAO SIMPLESMENTE,SOU.

NAO QUERO MAIS SENTIR-ME ASSIM.SO'.
O SOL BRILHARA'.

A' DISTANCIA SINTO E NAO
DESEJAVA , A LIGEIRA HUMIDADE
DESSE TEU ROSTO LIGEIRAMENTE
MOLHADO,DAS LA'GRIMAS
QUE TEIMOSAMENTE ESCORREM ,
VINDAS DO TEU CORACAO,
MAGOADO.

PALAVRAS,
SIM.
TAO ,SO':

SIMPLESMENTE,
NAO QUERO MAIS SENTIR-TE
ASSIM.

FRASES ,MUITAS,
MAS ESTA E' SO' SIMPLESMENTE PARA TI,
E TAMBEM PARA MIM.

VIVE A VIDA EM TODA A SUA PLENITUDE ,E MUITO ESPECIALMENTE NOS MOMENTOS,QUE TE POSSAS SENTIR E FAZER SENTIR ALGUEM FELIZ .

''Quantas vezes e' necessa'rio ir ver o mar.''

Jorge Costa Abrantes ***** 29/04/2006

* A particularidade da escrita resulta de um teclado pouco ortodoxo... norueguês :)

[2008/09/10]

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10:09

Parque das Nações


... porque me desgasto em batalhas interiores que me fazem sangrar o coração, que me desfazem a alma, que me deixam sem chão...

... porque me questiono se mereço aquilo que me toca como indiferença, mesmo que não seja...

Se depois...

... tu chegas nesse teu jeito, me dás um sorriso e me reconquistas em cada olhar, mais e mais...

... eu olho o teu olhar e sei! E reúno as forças que me permitem levar a batalha por diante...

Desistir eu não desisto...

As realidades somos nós que as definimos, e somos nós que as fazemos acontecer!

Eu vivo-te!

Let it be... It'll be!

[2008/09/09]

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21:52

Fotografia de Jorge Abrantes


Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além,
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão...Tudo esvaído
Num baixo mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo... e tudo errou...
- Ai a dor de ser quase, dor sem fim...
- Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...

Momentos de alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...

Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...

Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa...
se ao menos eu permanecesse aquém...

Mário de Sá Carneiro
Paris, 13 de Maio de 1913

[2008/09/08]

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Angola, 2005/Rio Queve

Às vezes sinto-me Foz
outras vezes sinto-me Nascente,
em queda d'água ou afluente...
Hoje...
... sinto que no meu leito
uma cheia está emergente...

... cheia de saudade...


* Um comentário meu que virou post

[2008/09/06]

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11:56

Hoje é um grande dia!

Hoje é o dia em que o país que me viu nascer vai a votos depois de 16 anos e uma experiência traumática.

Hoje é o dia em que tudo vai correr muito bem. Hoje é um dia de legitimação de poderes.

Hoje é o dia em que não me vou alongar em análises do mal e do bem. Não vou falar do que é mais fácil falar, como vejo por aí tanta gente que não sabe nada, como eu própria, a opinar, e na maioria das vezes, a criticar destrutivamente.

Eu não sei de nada, eu só sei que a minha terra merece, o seu povo merece e todos os que a amam merecem que tudo corra bem, e que esta vaga de progresso, de reabilitação, de reconstrução, esta vaga de vida ... não pare jamais de crescer.

E que nós, instalados que estamos neste cantinho à beira-mar plantado, antes de tecermos qualquer juízo de valor, possamos olhar o nosso umbigo, e ... enchermo-nos de vergonha!

ANGOLA... EU ACREDITO!!

10:50


As minhas escolhas para uma parte da casa onde não gosto muito de estar, mas que gosto de ter sempre com... vida, com cor

Deve ser para ver se me inspiro mais a cozinhar :)

* A luminosidade excessiva da foto foi propositada... é que os azulejos ... pois, esses não foram escolha minha!

[2008/09/04]

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Há uns tempos atrás nos noticiários das nossas televisões, surgia a notícia de um estudo desenvolvido nos Estados Unidos, que nos alertava para as precauções a ter com as garrafas de água de plástico deixadas dentro dos automóveis, pois um determinado produto químico do plástico dessas garrafas, quando exposto ao Sol e calor, poderia migrar para a água que depois viria a ser consumida, provocando danos à saúde.

Este Estudo não passa, por agora, disso mesmo, sendo que a Organização Mundial de Saúde ainda não lançou qualquer alerta. É de qualquer forma, parece-me, do senso comum, que com químico ou sem químico, a exposição ao Sol e calor poderá alterar o conteúdo, neste caso, de uma garrafa plástica.

Por outro lado ontem, num dos noticiários das nossas televisões, assisti a uma reportagem sobre a forma como em Nairobi, Quénia, onde a qualidade da água para consumo é pouco ou nada, fiável, e onde o dinheiro para a compra do carvão que permitiria ferver a água para evitar contágios de doenças não abunda, se desenvolveu um método, ao que dizem, bastante eficaz e com o mesmo efeito. Esse método não é mais do que colocar a água em garrafas plásticas e deixá-las ao Sol durante um determinado tempo (que agora não sei precisar), e assim evitar a propagação de doenças tão abundantes nos países africanos.

Pergunto-me: Do mal o menos?

[2008/09/03]

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07:36

Olhos d'Água 2008


Sentada na esplanada, algures entre uma brisa de maresia e um golo de gin tónico, escuto, atenta, a imensidão de sons que se mesclam gerando um burburinho que me alheia, que me leva além do horizonte que vislumbro, virada que estou para o mar...

Entro numa dimensão diferente enquanto o meu corpo sente o arrepio reconfortante do Sol, do calor do Sol, a penetrar-me a pele... a alma, invade-me uma sensação de prazer... sorrio.

Por momentos sou levada para longe da esplanada, do gin...

Movida por uma qualquer força, dirijo-me ao areal, descalça. Sinto cada passo na areia quente como um incentivo para continuar, o meu rumo é o Mar, o Oceano que, imponente, me fita, me desafia. Paro, maravilhada. O Mar! Não está mais ninguém, para mim, nesta praia cheia de gente. É meu o Mar de agora. É a mim que me convida e só a mim.

Ao molhar os meus pés neste Mar, procuro o caminho para, a ti, chegar.
Ao tocar as ondas com as minhas mãos, procuro tocar o teu coração.
Ao mergulhar no meu Mar, procuro o teu abraço para me aconchegar.
E enquanto me deixo ficar, sinto as correntes que me querem levar, e se for para me levarem para aquele lugar, eu não vou lutar...

Preciso de te encontrar, e o Mar, o Mar desagua em ti, e eu, vou deixar-me levar...

Espero que me possas resgatar...

[2008/09/02]

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00:00

Em cada gesto perdido
Tu és igual a mim
Em cada ferida que sara
Escondida do mundo
Eu sou igual a ti
Fazes pinturas de guerra
Que eu não sei apagar
Pintas o sol da cor da terra
E a lua da cor do mar
Em cada grito da alma
Eu sou igual a ti
De cada vez que um olhar
Te alucina e te prende
Tu és igual a mim
Fazes pinturas de sonhos
Pintas o sol na minha mão
E és mistura de vento e lama
Entre os luares perdidos no chão
Em cada noite sem rumo
Tu és igual a mim
De cada vez que procuro
Preciso um abrigo
Eu sou igual a ti
Faço pinturas de guerra
Que eu não sei apagar
E pinto a lua da cor da terra
E o sol da cor do mar
Em cada grito afundado
Eu sou igual a ti
De cada vez que a tremura
Desata o desejo
Tu és igual a mim
Faço pinturas de sonhos
E pinto a lua na tua mão
Misturo o vento e a lama
Piso os luares perdidos no chão

[2008/09/01]