18:15

Lua e Sol @olhares.com por Sheila Mara


Sempre fui uma admiradora confessa do Sol e da Lua. Ambos são, no fundo, parte da nossa existência. Alguém consegue imaginar o que seria dos dias sem Sol, e das noites sem luar? E a relação de ambos, peculiar. Se pensarmos bem, Sol e Lua podiam ser a alma gémea um do outro.

(…)

Quando te conheci, ainda mesmo antes de te ver, antes de qualquer reconhecimento físico, a minha alma e a tua encontraram-se, reconheceram-se, e logo ali, naquela fracção de segundos, eu soube: - tu eras quem sempre desejei e quis. Logo nas nossas primeiras trocas de impressões percebemos o tanto que nos unia, chegava a ser assustadoramente excitante, deixava borboletas na barriga, e uma ansiedade sempre por mais notícias, novo contacto, o coração batia acelerado a cada segundo que passava e o sorriso não se continha, e os olhos marejavam de emoção. Questionei-me: poderá existir de facto esta pessoa que sinto como parte de mim, de dentro de mim!?

Partilhaste comigo estas mesmas emoções como sendo tuas também. A tua felicidade de teres encontrado alguém assim, como dizias, alguém que te fazia sentir vivo. Numa determinada altura da nossa partilha perguntei-te se acreditavas em almas gémeas, e como não podia deixar de ser, disseste de imediato que já tinhas pensado nisso. Será? Era a pergunta que ecoava nas nossas mentes.

Ao primeiro contacto físico, o inexplicável tornou-se ainda mais inexplicável, quando sentimos o chão fugir debaixo dos nossos pés enquanto os nossos braços se envolviam num abraço em que de dois corpos se fez apenas um, e as nossas almas rejubilavam de alegria. Lembras-te, meu amor, do nosso primeiro abraço, feito de emoção, de ansiedade… de amor!? Não digas nada, eu sei que haja o que houver, todas estas sensações foram vividas da mesma forma por ambos, um homem, uma mulher… A nossa entrega foi tão corpo e alma, a paz que alcançamos juntos tão imensa, os voos que voei nas tuas asas tão sublimes, que tentar transformar em palavras estas emoções fica por demais difícil. Resta-me o consolo de ter a certeza de que tu entendes tão bem o que digo.

Admiro-te por quem és, sinto que me completas, existe uma paz sempre que estás presente, e que desaparece gradualmente, à medida que te afastas e só regressa com o teu regresso. Acredito, que em vidas passadas nós já nos tivéssemos cruzado, lembras-te de me dizeres que já conhecias os meus lábios? Imaginas a intensidade da emoção que tomou conta de mim nesse momento? Para muitos poderão ser só palavras, e tu já me disseste tantas de fazer a alma quase rebentar de tão cheia… mas para mim não são apenas palavras, reconheço-as na autenticidade de quem as diz como se viessem de dentro de mim.

Mentiria se dissesse que nunca antes me tinha sucedido algo parecido. Parecido sim, igual não. Sempre te disse que achava que um novo amor nunca apagava os amores anteriores, eles existiram sim, falei-te sobre todos eles, da mesma forma que me partilhaste a tua vida, não retirei ponta da importância que todos os meus amores tiveram na construção desta pessoa que sou hoje, tão pouco te omiti tudo o que tinha acontecido na minha anterior “experiência”. E porque não igual? Porque contigo eu senti que era possível, as nossas sintonias eram mais evidentes ainda, e a nossa circunstância, pensava eu, mais propícia, a felicidade estava ali e só dependia de nós para ser vivida, e eu queria… tanto…

Queria poder viver-te e partilhar contigo tudo de mim, quem sabe um dia construirmos os nossos sonhos juntos, perseguirmos a sua realização, e chorarmos abraçados a cada tentativa inglória, e pularmos de alegria juntos a cada vitória, mas sempre juntos, de mãos dadas, principalmente nas encruzilhadas. Ser o teu abrigo quando te sentisses triste, dar-te o meu colo sempre que mo pedisses, ou adivinhar-te o desejo mesmo sem que falasses, e estar sempre, mas sempre do teu lado, nem um passo à frente, nem um passo atrás, ao longo do caminho de que a vida se faz.

Porém, não havia de ser assim a realidade, pois pouco tempo demorou até que me confessasses do improvável de que os nossos desejos se concretizassem. Não entendi, se os desejos são de ambos e na mesma medida, nada poderia existir que pudesse impedir a sua realização. Ainda hoje penso assim…
Tu falas, eu escuto sempre com alma e coração abertos. Eu falo, tu escutas da mesma forma, e acenas-me com a cabeça em sinal de concordância. No entanto o teu olhar entristece, e cai, e eu contenho as lágrimas que não quero chorar, e ficamos assim, abraçados, sentindo apenas, que haja o que houver… Estamos juntos! Não há lugar para cobranças, apesar de todos os sentimentos menos bons que muitas vezes me assaltam mas que o Amor que existe em mim acaba por conseguir debelar.

Hoje, quando penso, comparo-nos ao Sol e à Lua.

Tu és o Sol. Homem, forte, tenaz, sofredor convicto mas firme. Irradias calor e beleza de uma forma tão especial, tão única.

Eu sou a Lua. Mulher, tenho fases. Sou frágil e forte, sou alegre e triste, também tenho a minha beleza, ainda que de uma forma diferente.

Sinto-te minha alma gémea e tenho tantas certezas quantas dúvidas existem em ti. Compreendo que possamos estar em estádios diferentes de evolução e possivelmente não será possível cumprirmo-nos como tal, ou talvez sim.

O Sol e a Lua também são almas gémeas. Li um dia, que viviam juntos quando tudo começou, mas que Deus entendeu de que se deviam separar para cada qual cumprir o seu papel. A Lua ficou tão, mas tão desolada, que Deus achou por bem criar as estrelas para lhe fazerem companhia e para que a Lua deixasse de chorar, mas ainda assim ela permanecia triste. O Sol, embora sofresse bastante, era mais forte e intercedia sempre por ela junto de Deus. Então Deus criou o eclipse, esse raro e belo momento em que Sol e Lua se unem e se amam intensamente, de tal forma que nunca se deve olhar um eclipse à vista desarmada, tal a intensidade do brilho.

Assim são os nossos momentos, como um eclipse. Únicos, intensos, de um brilho como não há igual.
Eu continuo triste em alguns dias, alegre noutros, mas viva em todos! A tua força dá-me força, e o nosso amor é consciente e único, e se for este o meu papel nesta vida, cumpro-o feliz, pagando o preço de alguma ilusão sobre uma próxima vida...

Escrito para: Fábrica de Histórias


[2011/02/26]

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A MÁSCARA E A PELE @ olhares.com por Analua Zoé


Chegas sempre trémulo, não é do frio, ou da falta de ar provocada pelo apertado abraço em que nos envolvemos!
É da ansiedade que trazes, do desejo que não escondes, da saudade...
Encontras-me trémula. Não tenho frio também. Saudades, muitas!
Estou num estado de ansiedade igual ao teu, e o meu desejo não é menor.
Entre nós dá-se uma qualquer reacção química ainda por descobrir, não por nós claro, onde arriscamos sempre cada vez mais os limites do convencional...
... bom, na verdade, os limites do não convencional....
É essa tua pele, quente, doce, que me vicia, que quando me toca me faz sentir viva, e esse olhar... profundo, que me faz sentir bonita por debaixo de um mal tratado corpo, que tu não vês.
Apenas sentes, quando impetuosamente me tocas, me tornas tua, sem pudores!
Eu não os tenho...
Quero apenas sentir, sentir com força, a tua pele cravada na minha!
Juntos, na nossa loucura, nada tememos, nada negamos, e tudo, simplesmente tudo...

... é à flor da pele...

Um caso sério de pele, este...

[2011/02/22]
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(...) Desisto!


P.S. Desde sempre achei que era capaz de tudo. Achei, talvez ingénuo, ser catalisador de bons sentimentos, de compreensão, de paz, de fraternidade. Hoje olho para trás, agora que deixo estas palavras para que conste a minha mais profunda desilusão, e vejo que afinal fui apenas usado. Usado ao bel-prazer daqueles que enchem a boca para se dizerem justos, para se dizerem bondosos, amigos do seu amigo. Quase me dá vontade de rir, não estivesse eu tão triste, ao olhar para a desfaçatez com que as pessoas me têm sempre na ponta da língua, penso que num automatismo de defesa e de auto-ajuda, não sei explicar. Mas depois, num piscar de olhos, assumem atitudes de um completo bipolarismo.

No inicio, mesmo bem no inicio de tudo o que há, eu era Feliz. Mas durou pouco a minha felicidade, pelo que sou obrigado a concordar quando se diz que a felicidade é feita de momentos. De quando em vez, ainda há pessoas capazes de me surpreender, que têm uma existência desprovida de maldade, porém, nesta sociedade cada vez mais manipuladora e instigadora de lutas, disputas, seja de que ordem for, são cada vez menos os que conseguem erguer orgulhosamente o estandarte da dignidade, mas existem, e talvez tenha sido por esses poucos que eu fui aguentando, na certeza de que esses poucos mereciam tudo de mim, afinal se é o que preconizo, não posso simplesmente demitir-me das minhas funções.

Sou confundido tantas vezes com tantos outros sentimentos de índole mesquinha, negativa, que até eu me baralho. Onde é que eu errei? Onde fui displicente ao ponto de permitir que tomassem conta de mim desta forma, invertessem todo o sentido da minha existência e ainda por cima gritassem o meu nome a plenos pulmões, emoldurando para todo o sempre todo o mal que proporcionaram e servindo-se de mim para papel de embrulho.

Eu sei, falo com amargura, foi um desabafo, perdoem-me. Eu sei que não seria, jamais, capaz de desistir. Isso seria legitimar todas as coisas que vão contra mim, desiludindo, eu próprio, aqueles que ainda me crêem e ainda acham que eu posso mover um Mundo, que eu sou motor da Humanidade, e sim, catalisador do Bem. Ainda tenho alguma força dentro de mim para tentar, mais uma vez, junto daqueles que são mais fracos. Ajudá-los a perceber que se me utilizarem dentro dos fins a que eu me destino, e sob as pautas pelas quais me rejo, poderão à sua volta espalhar a minha essência, e eu prometo continuar a multiplicar-me quando partilhado, nunca perdendo a minha fé ou a minha Esperança, de que eu próprio posso vir a ser Feliz outra vez, quando olhar ao redor e sentir, que há muito mais pessoas felizes.

Ass: 


amor @olhares.com por Jorge Vieira



[2011/02/17]
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23:33

[23H33]

Parabéns minha cria! 
Mais um ano, e já vão sete desde o dia em que te vi pela primeira vez e em que me tornei uma pessoa infinitamente melhor.
Já vais percebendo de que nem tudo na vida são facilidades, estarei sempre olhando por ti no sentido de que percebas também de que tens de ter sempre confiança em ti e de que serás capaz de tudo aquilo a que te propuseres... cada coisa a seu tempo.

Obrigada, meu pequeno grande Amor por todos os dias me mostrares e me ensinares tanta coisa nova. Tenho também crescido contigo e ao teu lado, obrigada por teres um coração do tamanho do Mundo e um desprendimento muito raro .

Amo-te muito, obrigada por me amares também...

Deixo-te a música que adoro ouvir-te cantar a plenos pulmões :)



[2011/02/15]


Paixão que arde...* @olhares.com por João Nuno Cruz



Ingrid Michaelson - Can't help falling in love with you

... todos os dias são dias de te amar, todas as horas,
quando me deito ou quando me permito acordar.
Em cada novo passo que dou,
ou até nos retrocessos que me fazem avançar.
Não sei o que é matar a sede sem te amar,
ou saciar o meu desejo sem ser contigo,
não sei existir se não te pensar,
a meu lado, entre a distância que não existe.
E por entre dias que o tempo não deixa esquecer,
vagueio às cegas, perdida desde que te vi,
porque o encontro que nos une as vidas,
é como a saudade que me aproxima de ti.
És o meu melhor sonho personificado,
tudo o que sempre desejei e quis,
és mais do que mereço, és pecado,
és só tu quem me faz tão feliz...

Obrigada, meu Amor...

"... Eu te amo de alma para alma e mais que as palavras..."
Bethânia in quando o próprio amor vacila

[2011/02/14]
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|devaneios no bosque| @olhares.com por duarte almeida



Loreena Mckennitt - The two trees

Anabelle era uma menina doce, de cachos dourados no cabelo e muita vida nos olhinhos cor de amêndoa. Na aldeia todos a conheciam e ao seu encantamento pelo bosque. Bem que tentavam dissuadi-la de se embrenhar por ele, mas Anabelle era destemida, e guardar com ela um segredo tão especial era motivo mais que suficiente para lhe disparar a adrenalina a cada nova investida pelo verde sombrio daquele bosque, para ela encantado, onde cresceu.

Sorria, divertida, quando os mais velhos lhe contavam as Lendas antigas sobre aquele Bosque, onde vivia uma bruxa muito má que esperava por alguém que se aproximasse para lançar os seus feitiços. Costumava contrapor de que não existia nenhuma casa no bosque e que, como tal, não seria possível viver ali alguém, bruxa ou não. Como em qualquer bosque que se preze, neste também corria um riacho que a determinada altura moldava uma lagoa com uma pequena cascata. O Sol dificilmente entrava naquele bosque de árvores frondosas, cheirava a musgo, os cogumelos eram imensos e os medronhos, no Outono, surgiam para pincelar a cadência de verdes com o seu tom amarelado até se tornarem completamente escarlate, proporcionando aos olhos ávidos de Anabelle um espectáculo a que mais ninguém assistia, pois mais ninguém entrava naquela zona do Bosque, ou melhor, mais ninguém além dela própria e de uma amiga muito especial… Faye. Bom, talvez exista uma pequena imprecisão nesta minha afirmação, porquanto Faye não entrava no bosque, antes dele nunca saía.

Faye era de facto uma pessoa muito especial, também ela parecia fazer parte daquele bosque, nele nascida, era como aquele musgo, aqueles cogumelos, era harmonia, era a simbiose mais que perfeita entre ser humano e natureza na sua forma mais pura. Anabelle descobrira Faye por acaso numa das suas muitas incursões pelo Bosque ainda menina. Um dia, enquanto observava intrigada um carreiro de formigas junto à lagoa que descobrira recentemente e onde cedo percebeu podia tomar banho nas águas límpidas, ouviu um ruído estranho proveniente da cascata, e se ao princípio pensou ser o barulho da própria queda de água, logo percebeu que aquele som algo metálico vinha mais de dentro… De dentro dela própria surgiu um “Está aí alguém!?” surpreendendo-se a si própria, pois nunca antes tinha emitido qualquer som no bosque, além dos murmúrios que entoava nas suas conversas com os bichinhos. Enquanto fazia a pergunta o coração disparou, mas não sentiu medo, e encarava a cascata com um ar de quem exigia uma resposta. Como que por magia, de dentro da cascata, rasgando a água na sua queda, surgiu uma mulher.

Era alta, muito morena de cabelos negros escorridos pelas costas. Não era bonita, longe disso, embora os olhos verdes, talvez fruto do ambiente que a rodeava, sobressaíssem, não sei se pela cor se pelo brilho. Faye disse-lhe: “não tenhas medo!”. Anabelle estava completamente siderada com aquela nova personagem na história que ela própria construía no seu bosque encantado. Seria desta mulher que os mais antigos lhe falavam? Faye parecia não ter idade, podia ser intemporal e viver para além do tempo. Anabelle respondeu que não, que não tinha medo, e aproximou-se ainda meio incrédula.

A partir dali desenvolveu-se entre elas umas relação de cumplicidade muito especial. Faye contou-lhe que sempre vivera ali, por detrás da cascata, nascera ali e nunca conhecera sequer a aldeia pois a sua mãe contara-lhe que por lá viviam seres muito estranhos, com hábitos estranhos, tinha-a avisado mais que muitas vezes de que nunca se deveria aproximar da aldeia. Ali era o seu Mundo, ali aprendera tudo o que sabe. Por seu lado, Anabelle contava-lhe o que se dizia na aldeia acerca da bruxa má que viveria no bosque e as duas riam divertidas daquelas pessoas que nada sabiam.

Faye alimentava-se do que a natureza lhe proporcionava e aprendera todos os segredos e truques para lidar com o que para os leigos seriam armadilhas como sementes ou cogumelos venenosos. Cuidava de todos os animais daquele bosque, desde as formigas até às aves, como se fossem sua família, interagindo de uma forma singular com cada espécie. Os bichos retribuíam toda aquela devoção proporcionando-lhe companhia, aconchego. Com a convivência, acabou por transmitir todos os ensinamentos a Anabelle.

Por sua vez, Anabelle que por esta altura já era uma jovem mulher, tinha conseguido junto de sua avó, o apoio que necessitava para abrir uma pequena loja na aldeia onde se vendiam toda a espécie de chás, algumas aguardentes, umas essências, que tinha aprendido a criar com Faye, bem como era solicitada por todos para umas consultas sobre os males de que padeciam, pois acreditavam que Anabelle tinha um dom natural para curar através de ervas e mezinhas caseiras. Mal sabiam os habitantes daquela aldeia, de que Anabelle não tinha nenhum dom natural, antes transmitia todos os ensinamentos daquela bruxa que vivia no bosque onde ela gostava de se perder. E assim, por interposta pessoa, Faye conseguiu fazer com que o povo da aldeia abrisse mais um pouco a mente no que se relaciona com a natureza e o que ela pode proporcionar, mas nunca foi seu desejo tornar-se conhecida, ou sequer que soubessem da sua existência.

E assim, na aldeia de Anabelle, a vida corria tranquila, o Bosque continuava sombrio e belo como só Faye e Anabelle o conheciam, pois para todos os demais, nele vivia uma bruxa má, sempre pronta a lançar um feitiço…


[2011/02/12]
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00:31

Cúmplices - Mafalda Veiga

Sou apreciadora da beleza em toda a sua expressão.
O belo, é uma existência intrínseca, não depende de quem contempla, ainda que este não a saiba apreciar, ela não deixa de existir.
O Amor, é um sentimento puro, diria que de combustão espontânea. Sou uma apaixonada pelo belo que há no Amor.
Todo o Amor, na sua verdadeira essência é belo, tudo o mais à volta de um Amor não se confunde com o próprio, são manobras de diversão apenas, das quais, quem não sabe viver o Amor, se serve. O belo e o Amor são cúmplices.
A cumplicidade é o que faz com que um Amor verdadeiro cresça, vingue, se torne em vida, seja alegria.
Amor é alegria, é Luz, é Paz! É acordar com um sorriso a cada dia, com o pulsar da vida no olhar, é ter saudades e regressar ansioso ao fim de mais um dia para encontrar aquele abraço, é sentir a sintonia, é crescer, é aprender, é ser o outro em si mesmo, é querer bem e não exigir nada.

Permaneço,
contemplo,
escuto,
entendo,
e permaneço...

... cúmplice!
[2011/02/12]
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00:29


Entrego-te tudo @olhares.com por Carla Salgueiro



O meu amor - Bethânia e Alcione [Chico Buarque]


Entrego este corpo vestido de pele branca,
de beleza dúbia e contornos marcados,
quente e ansioso, latejante de desejo... a TI!
Marca-me como se o amanhã fosse ilusão,
desfruta-me, rasga-me os sentidos,
com a loucura dos amantes,
a eloquência dos poetas e a doçura dos iniciantes.
Arranha-me a alma com palavras perversas,
enleva-me o corpo com esse toque não subtil,
mistura-me em ti como às cores numa paleta,
não tenhas compaixão, faz-me obra de arte, em ti.
Olha-me, como a um espelho de alma,
sente-me como ao bater do teu coração,
ouve-me como se vivesse dentro de ti,
e explode comigo nesta nossa comunhão!

Marca-me!... para todo o sempre...

[2011/02/10]
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"Aqui estou eu

Sou uma folha de papel vazia..."

Perfeito vazio - Xutos e pontapés


Continuo aqui, enfrentando esta folha de papel em branco, apurando os meus sentidos para lhe sentir o toque macio e o cheiro quente. A caneta parece não me ser de serventia, parada na minha mão, e o meu pulso parece não se querer mexer, naquele movimento frenético do costume, quando inspirada, desenrolo as palavras e as derramo no papel. Gosto de desenhar cada letra na minha peculiar caligrafia, observando a forma mágica como as palavras se vão formando originando, tantas vezes, sentimentos avessos e até desconhecidos. Gosto do cheiro da tinta permanente, afirmativa, cheia de personalidade, que marcará de forma indelével aquela folha de papel que já foi em branco e agora já não o é mais.
Assim somos nós, como uma folha em branco a cada novo capítulo. Não vale a pena sequer tentarmos arrancar as folhas que albergam as passagens que menos nos agradam, do livro da nossa vida. Todos esses parágrafos terminam num ponto final, no pressuposto, mais que justo, de que todo o fim implica um novo começo. E em cada novo começo, uma nova página em branco.
Neste livro que faz prova provada da nossa passagem pela Vida, muitas vezes não somos nós quem escreve, mas tantas vezes somos só nós quem lê… Somos também como que um livro de visitas, que tanta gente que passa vai assinando, ou como um livro de autógrafos, onde recebemos as palavras que outros nos querem oferecer e dessa forma nos vamos fazendo gente, nos vamos deixando crescer em liberdade de sermos, não só nós, mas todos aqueles que de uma forma ou outra fazem parte da nossa vida, nos escolheram ou por nós foram escolhidos.
Nos momentos mais positivos, atrevo-me a retirar determinados capítulos mais difíceis da prateleira,  folheando cuidadosa e demoradamente cada página, tentando entender algo de novo que no calor da situação e na cegueira da emoção tenha deixado escapar. Estes capítulos são apenas para ser remexidos quando sentimos dentro de nós a força e coragem suficientes e saberemos que as feridas, se as houver, estarão saradas no dia em que as lágrimas deixarem de rolar a cada leitura, ou isso, ou então secámos definitivamente e perdemos a capacidade de sofrer. Tenho medo! Mais ainda de perder a capacidade de amar…

(...)
Chopin - Tristesse
(...)

Era Verão, participava de uma fuga lenta a um amor que não lhe estava destinado, quase que estava já convencida de que tinha virado a página, já não perdia a respiração quando o via, já não tremia quando lhe falava e tudo estava dentro dela mais pacífico desde que a sua determinação, que ainda hoje não sabe bem onde a foi buscar, a fez ter a coragem de assumir de que estava na hora de encerrar aquele capítulo. Um capítulo escrito de rosas vermelhas, símbolo do amor, e dos espinhos dessas mesmas rosas, inundado de lágrimas salgadas e de melodias que lhe conferem, ao capítulo, um especial “quê” no livro da Vida.
Já sorria, os dias já não se arrastavam, o Sol já brilhava de novo dentro de si, e ali estava ela perante nova folha de papel em branco, sentia que de novo o Amor a podia conquistar, estava disponível para que isso pudesse acontecer, sentiu-se de novo tremer, sentiu de novo que a respiração lhe falhava e que o chão não estava mais no lugar. Porém, cedo se revelou de que afinal, a folha não estava em branco… como que de repente surgiram páginas e páginas seguidas de uma história que já havia sido escrita. Surgiram do nada sem que ela pudesse fazê-las parar. Queria deter a crueldade daquelas palavras, queria apagar o sentido daquela história, mas estava escrita a tinta permanente, e ela sabia de que nada adiantava arrancar as folhas, pois também permanentemente ficaria inscrita no livro da sua vida. Por momentos, longos momentos, perdeu a noção de si, quem era afinal, de que era feita, o que a movia!?

Porquê!?

Tomou então as rédeas da escrita, e no meio da folha vazia, cheia de branco, macia, cheirando ainda a virgem, derramou a palavra que a seguir se dita:

FIM!

Mas ela não acredita, vive na Esperança já quase vazia de que um dia, na sua vida, aparecerá de novo uma folha em branco para ser preenchida…




[2011/01/03]
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Katie Melua - Just like Heaven

Eu não sei, até onde poderá o meu olhar alcançar,
para lá dos medos e até por de dentro
por aquelas veredas, confusos enredos,
onde por um ou outro caminho, te irei sempre encontrar.
Eu não sei, até onde serei capaz,
de suportar tormentos, alimentar fantasias,
deixar-me levar, no arrastar dos dias,
esperando já sem Esperança, mais alegrias.
Não me queiras mal se eu não souber,
se eu não tiver forças para suportar,
os lábios teus fora do meu lugar,
perdidos nesse Mundo, escuro e confuso onde preferes respirar.
Essa alma que me conquistou, estará sempre comigo,
em cada novo piscar que os meus olhos conseguirem,
em cada novo dia em que eu não acordar,
após nossas almas juntas partirem...

Este Amor, é sem fim, é eu em ti e tu em mim,
Mesmo que ... assim...

[2011/02/01]
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