Somewhere over the rainbow - Israel  kamakawiwo'ole

Não houve uma Primavera desde que nos conhecemos, porém lembro-me de cada dia de nós como sendo uma Primavera. Minto, a minha essência emotiva não me permite viver todos os dias com a Primavera dentro de mim, preciso sempre de uns pingos dourados de Outono, de uns raios ferventes de Verão ou de uns ventos gélidos de Inverno para que a cada renascer eu possa dar graças aos Deuses que conspiraram por forma a enriquecerem a minha vida com a tua existência e para que eu sinta, no aroma das flores coloridas a real felicidade de que existamos como um só.
Por isso hoje, a minha memória selectiva se orienta para os nossos dias de Primavera, apesar de ainda não ter passado uma Primavera entre nós.
Recordo com saudade a forma como juntos e de mãos dadas, feito duas crianças reguilas, caminhavamos sobre o arco-íris em busca do tão almejado tesouro. Eu corria sobre o azul e tu, atrás de mim, rindo feliz, pisavas o amarelo com os teus pés descalços. Lembro de me dizeres das cócegas que sentias e os dois ríamos com a alma cheia. Enchíamos o peito e deixavamos que aquela mistura de aromas das diversas flores do campo se entranhassem na nossa pele, misturadas com o cheiro da terra molhada daquele último aguaceiro de Abril, pulavamos de cor em cor enquanto além o nosso olhar buscava o pote de todos os nossos sonhos. Não era o tesouro na sua condição de tesouro que nos movia. Era sim, a perseguição de algo que fazia parte do nosso imaginário, como um sonho, como era o sonho de sermos juntos, existirmos juntos, respirarmos em uníssono, se se pode aplicar a expressão como figura de estilo, ou, o mesmo e mais directamente seria dizer, como sendo um só Ser.
As nuvens e os passarinhos brincavam conosco, estes cantando lindas melodias para acompanhar a nossa brincadeira, e lá em baixo no extenso prado verdejante, pincelado aqui e ali com as cores exuberantes da Primavera, coelhos curiosos apareciam, saindo das suas tocas e oferecendo um ar de sua graça a estes dois corpos levitantes, a estas duas pessoas que naturalmente se mesclavam na paisagem sem a corromper, como uma tela imaginada pelo pintor mais puro de todos os pintores do Mundo.
Quando cansados de tentar alcançar o fim do nosso arco-íris, mas não desiludidos pois sabiamos bem que o tesouro já nós o possuíamos, deixavamos os nossos corpos juntos escorregarem para o chão e rebolavamos na erva  fresca, verde, forte e de cheiro intenso que nos roubava os sentidos. Em nós, este contacto tão directo com a Natureza era como a maior riqueza de sempre, nada precisavamos de dizer e ficavamos ali, de barriga para o ar, apanhando o Sol na cara, naquele delicioso silêncio cheio de poesia. Sorriam-nos os olhos, gargalhava a nossa alma, emanava Felicidade dos poros da nossa pele.
Foi assim naquela Primavera que ainda não existiu mas que recordo, será que me entendes? - Eu sei que sim. Nada entre nós é tão claro, límpido e transparente como cristal, como a percepção do sentir do outro, que não é mais que o próprio Eu.

Hoje, recordando essa Primavera, convido-te: dá-me a tua mão, segue-me, melhor, acompanha-me. Façamos da nossa vida uma Eterna Primavera e da nossa Felicidade um motivo para que o Sol nunca deixe de brilhar, porque ...
...
Há dias em que me sinto capaz de virar o Mundo ao contrário.
Colocar o mar no ar e trazer o céu para o chão.
Vogar ao sabor das ondas do céu e voar, planar no mar.
Sinto que a chuva é salgada, e que o chão parece soalho flutuante,
feito de nuvens de algodão.
E eu, como uma criança que gosta de andar à chuva,
danço no aroma que exalam os jardins suspensos
e caio, rendida, no chão macio, branco, como sonhos.
Nesses dias, feitos de sorrisos e alegrias,
Nesses dias em que as canções são poucas para eu cantar,
Em que o Mundo não suporta já a minha loucura,
Procuro absorver as sensações, esbanjar os sentidos, e no fim...
No fim, arrumo o Mundo, deixo tudo no lugar
Só assim saberás onde me encontrar!

Texto inicial original e escrito para Fábrica de Histórias, com inclusão de "poema" publicado em 2009/06/09

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11:40


Melancolia @olhares.com por Graça Loureiro

My immortal - Evanescence

Apanhou-me desprevenida.
Tem este hábito perverso de me assaltar a intimidade,
remexendo em feridas que não saram, em dores que não acabam,
pisa a ténue linha que separa a minha felicidade da minha tristeza,
e ri, ri com a propriedade de quem tem razão...
Absorve a réstia de Esperança que ainda guardo,
desdenha da forma como vivo o meu sentir,
procura com as suas artes e manhas que eu mude,
mostrando-me cruelmente a minha inutilidade,
o quanto eu não pertenço, ou não faço parte...

Porém, talvez não com razão, mas com teimosia,
não obstante toda esta melancolia,
não posso desistir, não posso não sentir,
eu preciso...
... egoisticamente eu preciso de ti...
eu preciso de sentir assim...

[2011/03/23]
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Monet II @olhares.com por Roberta Pessoa Martire

Não sou adepta do dia disto ou daquilo, como quem me conhece bem sabe...  mas poesia para mim é todos os dias, e hoje é um dia assim, aproveitando para Homenagear os nossos Grandes!

Urgentemente


É urgente o amor
É urgente um barco no mar
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos, muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros
e a luz impura, até doer.
É urgente o amor,
é urgente permanecer.

Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã"

[2011/03/21]

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00:22


O retrato errante XVII @olhares.com por joaoveríssimo



Áurea - Busy (for me)

Desfoco o meu pensamento do real.
Focalizo o ideal, melhor, o essencial.
E assim surges.
Surges-me no sorriso,
surges-me no arrepio da pele.
Admiro o desenho dos teus lábios
a forma peculiar dos teus olhos me olharem.
Estás no registo do meu negativo,
na objectiva da minha alma,
quero-te na câmara escura onde te revelo...
... onde nos revelamos...
posamos um para o outro como obras de arte,
alternamos os flashes, ora em mim, ora em ti,
e no fim, quando nos materializamos no papel,
ali se encontra a reprodução mais fiel,
da imagem que de nós releva,
só nós vemos, só a nós interessa.
Depois, rasgamos as provas,
voltamos ao real,
afinal estamos na era do digital...

[2011/03/18]
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Ontem à noite... @olhares.com por Vitor Reinecke



Vôo Nocturno - Jorge Palma


Amanhece a noite aqui,
neste lugar que desperta comigo,
onde me junto à Lua, numa dança,
mergulho na brisa, abraço o Crepúsculo,
como se esta Aurora ainda fosse uma criança.
Espreguiço-me na atmosfera,
planando sob o céu estrelado,
voando na cauda da estrela cadente,
amenizando as minhas dores num serpenteado,
vôo nocturno, junto dos Deuses.
Ali, absorvo o perfume que exala da chuva,
que rasga o ar entrecortando a bruma,
de pés descalços,
cabelos ao vento,
exorcizo os fantasmas que carrego no peito,
reviro a minha vida do avesso,
e finalmente adormeço,
no colo da noite que amanhece,
no conforto da Lua que me abraça,
e no quente aconchego com que me guardas,
tu, que na noite, com um beijo, sempre me embalas...

[2011/03/14]


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Wave - Tom Jobim


Tudo é tão volátil!

A chuva que durante a noite foi caindo ou o Sol que ainda há pouco rasgava os céus com o seu calor e que entretanto também já murchou.
A felicidade que se esvai no próximo suspiro, ou a tristeza que se esfuma no próximo sorriso... entre um e outro pode existir apenas o tempo de um pestanejar...
Às vezes, sinto que se me rasga o peito numa dor sem fim, uma dor boa de sentir... para no segundo seguinte se agudizar numa dor doída e sofrida de ausência, de vazio...
Procuro transformá-la em grito, sinto até a dilatação dos pulmões num impulso de grito... que sai mudo, e se retraem os lábios e a boca à posição de fechada, mesmo sem perceber o que acabou de acontecer... e dói...
Outras vezes, sinto que me assomam as lágrimas perante a beleza e a essência dos sentimentos tão sentidos, tão bonitos, ou apenas de um local, de um pensamento, de uma paisagem, de uma fotografia, de um momento, de uma memória... Que lágrimas boas que me enchem a alma de alegria e felicidade de existir, de me saber, para logo se transformarem em lágrimas de sangue por tudo o que sinto que é tão grande, tão grande que não cabe em mim... tenho de repartir... 
Vezes há ainda, em que sinto vontade de rasgar o horizonte com punhais de esperança, para logo de seguida a esperança me escapar, quais grãos de areia numa ampulheta... tudo é tão volátil... ...as certezas de que duvido e até as dúvidas de que tenho certeza...
Os silêncios são ensurdecedores, mas por vezes mudos e iluminados pela escuridão, inundados de poesias e pintados com as cores do arco-íris. Silêncios de sons compassados como um mar que se espraia em areias de mil cores, ou chicoteado em fúria contra as rochas num dia de tempestade, ou ainda, em acalmia, sereno… tudo é tão volátil. 
As palavras brotam do silêncio como as notas numa escala musical, e eu escuto! Eu sou o instante, volátil! O silêncio é uma coisa! E se eu me calo... o silêncio falará baixinho. Quando o silêncio fala baixinho vem o escuro, e com ele o medo, as trevas, e nas asas do breu me vejo cercada... confusa...
Feita um instante, soergo-me e dou o compasso... não deixarei que me vençam!
A Lua ilumina a minha noite no silêncio esplendoroso das coisas, e estas bailam ao som das poesias coloridas como borboletas em torno das flores! 
Hoje, a caneta preta habitual não me é de serventia... Parada, inútil por entre os meus dedos...
Olho, estática, a folha de papel, lisa e branca...
Sinto o cheiro do papel virgem onde me quero derramar, ao qual me quero entregar, e a caneta parece só querer escrever saudade, escrever tristeza, escrever receios e medos, escrever dor...
Nego-lhe essa vontade e ponho a caneta de lado... hoje não vais ser a minha companheira,  pegarei em ti novamente quando me transmitires esperança, confiança, coragem...
Pego nos meus lápis de cor e com eles pinto as palavras mais tristes com as cores mais alegres.
A "lágrimas" pinto de rosa; a "dor" pinto de vermelho; a "tristeza" pinto de azul; a "incerteza" pinto de laranja... reservo as restantes cores.
Desenho o meu sentir no papel ao som das letras coloridas...
Pinto a minha vida com as cores que tenho no coração...
Quero vestir a palavra "solidão" de verde, cor que tinha de reserva...
Quero transformar o negro do "medo" e o roxo da "ansiedade" no lilás, ou no alfazema e por eles deixar entrar a Luz.
Quero inventar uma cor nova para a "coragem"...
Quero um novo significado para volátil, porque o que é agora não o é no instante que se segue.


Composição de vários textos escritos anteriormente e agora reeditados para: Fábrica de Histórias



[2011/03/10]

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23:17



... aquele meu lugar?
Procuro, procuro, sem nunca o encontrar.
Onde me escondo da minha sombra,
e fujo dos meus pensamentos,
onde não oiço as lágrimas que rolam,
nem os meus lamentos.
Não sei onde fica, o lugar que me pertence,
sei que é feito de sorrisos,
de momentos vividos,
de partilhas de emoções,
de mar, chuva e canções,
mas o que hoje me parece,
entre estas paredes que me sufocam,
é que esse lugar não existe,
que eu não sou quem penso ser,
não tenho lugar, nem sei respirar,
não pertenço,
não existo...

... mas resisto... (acho)

[2011/03/08]
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- Avó, avó!!

Lá vinha o Joãozinho a correr até à cozinha onde a avó Gertrudes preparava carinhosamente os pastéis de arroz que ele tanto gostava, aproveitando o que havia sobrado do arroz do almoço.
João era um menino doce de 10 anos de idade que adorava passar as férias da escola na casa da avó, na aldeia. Habituado ao ritmo citadino, aquele ar do campo, e as óbvias diferenças nas rotinas, nos cheiros, nos sabores, deslumbravam-no.

- Então João, o que te traz nessa correria? – Perguntou divertida a avó. Como gostava de ter aquele seu neto junto de si, era como recuar no tempo e voltar a ser também um pouco criança, novamente.
- Avó, olha o que eu descobri naquela arca que está no sótão, por debaixo da janela!
E o pequeno João acenava numa euforia incontida uma fotografia que a avó não conseguiu à primeira vista descortinar de que se tratava.
- Pára, meu filho, que assim a avozinha não consegue ver o que tens aí. Ora mostra-me lá.

E o Joãozinho entregou aquela relíquia nas mãos de sua avó, que olhando com atenção, logo esboçou um sorriso, perdendo de imediato o olhar no véu das lembranças.


- Então avó, conta-me! Conta-me sobre esta fotografia e quem são essas pessoas. Foi num carnaval?

Na verdade, naquele momento, a voz de João não era mais que um eco, a avó estava longe, mergulhada em memórias. Mas foi subitamente interrompida por um grito mais vibrante do seu neto.

- Oh avó! Fala comigo! Acorda!
Gertrudes riu-se e enquanto pegava na latinha dos biscoitos de manteiga que tinha sempre que o neto lá estava, disse-lhe: - Vamos para a sala, meu filho, vou contar-te a história desta fotografia.
 E assim foi. Dirigiram-se à sala, onde o lume na velha lareira não parava de engolir lenha naquela fria tarde de Fevereiro, e sentaram-se no velhinho, mas confortável, sofá, proporcionando uma ternurenta imagem de neto e avó, que só por si daria também uma excelente fotografia, para a posteridade.
João, abriu a lata e retirou o primeiro biscoito, enquanto de olhos arregalados esperava que a avó começasse a relatar-lhe a história daquela fotografia. Como ele adorava ouvir as histórias da avó. E a avó Gertrudes começou:
- Sabes meu filho, há muitos anos atrás, quando o teu pai tinha mais ou menos a tua idade; imaginas isso? – Interrompeu, lançando um olhar maroto e divertido ao seu menino, que lhe esboçou um sorriso enorme e lhe respondeu docemente: - então avó… já foi há muito tempo, foi noutro século – e riram os dois.
-Pois foi meu filho, mas como eu te ia a dizer, naquela altura aqui na aldeia, nem todos os meninos estudavam na escola porque muitos tinham já de ajudar os seus pais no sustento da casa e muitas das meninas iam servir para casa dos senhores mais abastados, não podendo assim ir aprender as letras e os números.

João olhava para a avó num misto de excitação e incredulidade, enquanto a avó prosseguia.

- Mas nós tínhamos a sorte de servir na casa de uns senhores muito bons, muito ricos, mas muito bons. Eu e a tua tia na lida da casa, uma enorme herdade, que tu conheces, é aquela que fica ali a caminho da escola primária – e João acenava que sim com a cabeça – e o teu avô que Deus tem, cuidava dos animais e da quinta, bem como conduzia o automóvel do Sr. Cordeiro sempre que ele tinha de ir à cidade. Como tal, éramos bastante protegidos, e o teu pai era tratado como filho dos senhores, que por infortúnio não puderam ter os seus próprios filhos, e por isso estudou, teve essa oportunidade – sabes que o teu pai tem uma grande diferença de idade para a tua tia, eu e o avô já fomos uns pais velhos para ele.
Esta fotografia foi tirada precisamente na escola, num Carnaval longínquo. O teu pai é aquele ali, vestido de engraxador, os outros eram colegas de escola, menos aquele ali mais pequenino que era o filho da Sra. Professora Lídia. Apesar de ter a possibilidade de ter um fato de carnaval importado, oferecido pelos senhores, o teu pai preferiu que eu lhe costurasse o fato com restos de tecidos de roupas já esgaçadas do teu avô, e assim o fiz. E escolheu o de engraxador porque admirava, sempre que por ele passava, o brio com que o José, seu amiguinho, um daqueles que não tinha a possibilidade de estudar, empunhava a escova e puxava o lustro aos sapatos dos Doutores, lá perto da barbearia, na praça da aldeia, para ajudar a colocar pão na mesa de sua mãe que enviuvara recentemente.

Enquanto a avó discorria as suas lembranças, Joãozinho fazia o filme na retina da sua imaginação. De repente, o sorriso de João perdeu-se, e o olhar entristeceu.

- Então, meu filho? O que aconteceu, porque ficaste tão triste de repente?
- Avó, replicou num lamento o pequeno, eu costumo pedir sempre à minha mãe que no carnaval me compre a fantasia mais bonita que há nas lojas, para que os meus amigos fiquem de boca aberta a olhar para mim. Oh avó, mas isso não é muito certo, pois não?
- Meu querido, retorquiu a avó numa voz doce, é natural que isso aconteça, não é o que fazem todos os teus amiguinhos? Os tempos são outros, as modas também. Agora os meninos fantasiam-se de coisas-que-não-há, o carnaval tornou-se símbolo de fantasia, mas também de soberba.
- Mas avó, aquele senhor que costuma estar a engraxar sapatos lá na praça da aldeia ainda é o mesmo José, amigo do meu pai?
- É sim, meu filho.
- Parece tão mais velho que o meu pai… disse João numa voz arrastada de quem sentia o peso da vida daquele homem.
- Pois é, sabes que a vida na aldeia é diferente, e o tempo também corre de maneira diferente.
- Sabes avó, eu gostava muito de ser um engraxador neste carnaval!, Achas que me podias costurar um fato?
- Posso fazer melhor, respondeu entusiasmada a avó enquanto de um salto se levantava do sofá. Se procurares bem, dentro do mesmo baú onde encontraste esta fotografia, vais encontrar o fato do teu pai, vai lá ver – e João saiu disparado na ânsia de encontrar mais uma relíquia, voltando passado alguns minutos com aquela que tinha sido a fantasia de Carnaval de seu pai, engraxador.
- Obrigado, avó! E a avó sorriu com os lábios, os olhos e o coração...

Voltou à cidade, e a casa, e à escola, e no dia de Carnaval, exibia orgulhosamente a fantasia que não simbolizava nenhum super poder, nenhuma riqueza, antes a hombridade de uma profissão que na cidade pouco se vê, mas que para ele muito significava. Ganhou um prémio pela originalidade, no meio de muitos Zorros, Super-homens e Homens-aranha que não escondiam a surpresa por aquela escolha de João.


[2011/03/06]



Deixas em mim tanto de ti - Pedro Abrunhosa


Não é só carne, desejo ou necessidade,
não é só capricho, muito menos é só sexo,
é sim o encaixe mais que perfeito,
do côncavo e do convexo.
É tanta alma que se derrama,
na voluptuosidade dos movimentos,
tanta paixão que acende a chama,
onde ardemos nestes momentos.
Entrega, mais que isso, doação,
sou tua, em toda a minha expressão,
hoje numa felicidade tão pura,
que não se explica, é tão profunda,
pela confiança que depositas em mim,
a prova maior de um verdadeiro amor,
pela partilha, por sermos um só,
por comungarmos da mesma dor.
Por me despires dessa forma tão própria,
das minhas inibições, dos meus receios,
juntares a tua alma à minha,
e me ofertares o teu coração, sem rodeios

De uma tal forma que eu te prometo,
cuidarei para todo o sempre dele...

...bem dentro do meu peito

[2011/03/04]
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