Não é o que se me escapa das mãos que me inquieta, nem sequer o que escorrega entre os meus dedos.
Ainda que eu tente à viva força fechar com força a mão para não deixar que se ponha em fuga a matéria sólida que aparentemente é o foco da minha atenção, não é de todo esta fuga que me desassossega.
Atormenta-me a forma como sinto esfumar-se da minha alma o Ser que antes lá se tinha aconchegado, que por ela se tinha cativado.
Escapou ao meu entendimento aquele momento em que naturalmente outra alma que dividia o espaço, não ocupando por isso mais espaço, com a minha alma, seguiu um outro rumo, válido com toda a certeza. porém na minha alma sempre viverá.
Entristece-me no entanto a indiferença com que aos meus olhos, ou talvez mais ao meu coração, essa natural escolha acontece. A alma que fica sente por parte da alma que vai um desprezo que garantidamente não existe na alma que vai, mas o coração é emoção, não é razão.
Como diz o poema, "Após um tempo aprendemos a diferença subtil entre segurar uma mão, e acorrentar uma alma", porém quando na mesa estão desde o ínicio todas as cartas, quando se disponibilizam de coração aberto todos os caminhos para um percurso sob as estrelas, longe ou perto, fica difícil, mesmo para a alma mais disponível para entender...
Talvez um dia eu pergunte porquê, ou talvez não. Talvez um dia eu volte a acreditar...
Não pretendo e jamais pretendi acorrentar quem quer que seja pois isso é tudo o que é contrário ao Amor, e o Amor vive em mim.
Não pretendo e jamais pretendi ser dona da razão.
Talvez a minha pretensão mais audaz tenha sido a de querer fazer, ainda que por momentos, alguém feliz.
Talvez o meu maior erro tenha sido pensar que tinha conseguido.
Errar é humano e eu sou apenas humana...
[2011/07/15]