23:38
Sustenho a respiração. Ou será que me estou a sufocar?
Tento focar, mas o horizonte não é mais do que uma amálgama de recordações de matiz esbatida onde se confunde a noção do real com o delírio.
Por momentos sinto-me pegar fogo, sinto as lágrimas salgadas percorrerem-me o sangue e um rubor assomar à minha face. Correm-me mágoas abaixo da epiderme que provocam uma reacção inusitada em mim, fico parada, estática, olhando o vazio da não existência, sentindo a intensidade do silêncio, por contraste com o reboliço que me vai no corpo.
A mente está dormente, e a luz apaga-se nos meus olhos.
Vejo-me derramada pelas paredes de uma cidade como um grafitti numa manifestação de protesto, em cada gota de tinta que escorre das letras habilmente desenhadas, esvai-se mais uma gota do meu sangue. A velocidade frenética da cidade entrou-me no corpo mas a minha mente não a acompanha, e por isso vou-me deixando ficar em cada esquina mais um pouco. A cada sinal vermelho. Quando recomeço já não vou inteira.
Respiro fundo. Sensação de que estive em apneia muito tempo, um desconforto, uma secura imensa na garganta.
Volto lentamente a mim e num suspiro aliviado percebo que estive sempre ali, inerte, porém faltam-me pedaços perdidos numa viagem sem regresso, porque sempre que embarcamos em algo, nunca seremos os mesmos no regresso.
Não sou menos, ou mais ... sou só Eu...
[2011/07/21]
23 de julho de 2011 às 00:18 �
Mas mesmo sem que nos apercebamos disso, fica sempre algo de positivo, que muitas vezes só descobrimos muito mais tarde.
24 de julho de 2011 às 11:36 �
Pinguim, o positivo vivi-o em cada segundo e perpetuei-o em mim. Ficará sempre a recordação apenas do positivo... só há que dar tempo ao tempo.
Beijo grande
6 de agosto de 2011 às 01:59 �
Delírio..? Não acho.. Eu chamar-lhe-ia genuinidade.. porque és tão tu a escrever.. e digo-te o mesmo que me disseste a mim.. mesmo triste, é imensamente bela a tua escrita..
Sabes, Natacha? No regresso, podemos ser diferentes mas há sempre algo de nós que está eternizado e nunca morre..
Espero que estejas bem..
Um grande, grande beijinho
6 de agosto de 2011 às 18:19 �
Sabes, Leonor... às vezes queria ser diferente... mas depois passa :)
tens razão, a nossa essência permanecerá...
Eu estou bem... dentro do género :))
Beijo enorme