14:41
Sara Tavares - Muna Xeia
O nosso último silêncio foi muito intenso e prolongado. Lembras-te? - Disseste-me: "nunca tínhamos estado tanto tempo em silêncio". Sorri-te, embora tu não visses porque eu estava de costas, mas respondi-te que este nosso silêncio não era um silêncio silencioso ou vazio, mas um silêncio cheio de poesia. "Nem mais" - respondeste.
Durante todo o tempo que durou este silêncio, estive num lugar seguro, isento de problemas, desilusões ou frustrações. Senti a paz que vivias no respirar quente e pesado sobre o meu ouvido, enquanto os teus braços me enlaçavam docemente. "Não estou a dormir, disseste-me" - e eu sorri novamente... mas tu não viste.
Sabes o quanto desejei ter-te assim a cada acordar do dia? Sabes o quanto sonhei poder recorrer ao teu corpo daquele lado da cama quando acordo a meio da noite? Sabes como imaginei começar os nossos dias?...
E todos os silêncios entre nós eu queria que fossem como este. Contendo em si todo o sentimento do que é bonito de viver sem medos, sem culpas. Enquanto estivemos ali, enroscando os nossos corpos e sentindo o calor que esse contacto provocava, eu sonhei assim:
Vem tatuar na minha pele... a tua pele,
Vem desenhar o teu corpo a papel químico... sem papel,
Vem deixar-te em mim como se partisses,
E volta sempre sem nunca teres ido embora.
Aqui me encontras... sempre!
Vem devorar a poesia das palavras
Vem beber do sumo das nossas almas...
Vem escrever a sofreguidão das nossas letras,
Vem receber o amor com que me acalmas.
Aqui me encontras... sempre!
Vem entrelaçar os teus nos dedos meus,
Olhar-me fundo tocando o coração,
Vem ficar junto partilhando a vida
Num breve momento de solidão...
Esta é uma melodia... só nossa...
Aqui me encontras, sempre!
[2011/04/03]
5 de abril de 2011 às 00:34 �
gostei tanto mas tanto de ler.
lindo!
beijinho
5 de abril de 2011 às 00:45 �
Que bom, minha amiga... obrigada!
beijinhos
15 de abril de 2011 às 13:04 �
E regressarão estes silêncios para te abraçarem, com toda a certeza.
Beijinhos
16 de abril de 2011 às 20:14 �
Não sei Ónix, penso que tudo o que foi não volta a ser, ainda que voltem os silêncios, ainda que estes me abracem... nada será igual...
Beijo
21 de junho de 2011 às 00:15 �
Nada se repete, querida Natacha, mas os momentos podem voltar a ser idênticos..
Que silêncios assim, belos como este que nos deixas, te preencham para sempre e até sempre..
Um grande beijinho :)
21 de junho de 2011 às 23:19 �
Idênticos e/ou melhores ainda, Leonor. É inevitável passarmos nesta vida por todo o tipo de emoções. Afinal não são elas que dão sal à vida??
E, acredito que nada acontece por acaso, como tal...
Um grande beijinho!