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Lua e Sol @olhares.com por Sheila Mara


Sempre fui uma admiradora confessa do Sol e da Lua. Ambos são, no fundo, parte da nossa existência. Alguém consegue imaginar o que seria dos dias sem Sol, e das noites sem luar? E a relação de ambos, peculiar. Se pensarmos bem, Sol e Lua podiam ser a alma gémea um do outro.

(…)

Quando te conheci, ainda mesmo antes de te ver, antes de qualquer reconhecimento físico, a minha alma e a tua encontraram-se, reconheceram-se, e logo ali, naquela fracção de segundos, eu soube: - tu eras quem sempre desejei e quis. Logo nas nossas primeiras trocas de impressões percebemos o tanto que nos unia, chegava a ser assustadoramente excitante, deixava borboletas na barriga, e uma ansiedade sempre por mais notícias, novo contacto, o coração batia acelerado a cada segundo que passava e o sorriso não se continha, e os olhos marejavam de emoção. Questionei-me: poderá existir de facto esta pessoa que sinto como parte de mim, de dentro de mim!?

Partilhaste comigo estas mesmas emoções como sendo tuas também. A tua felicidade de teres encontrado alguém assim, como dizias, alguém que te fazia sentir vivo. Numa determinada altura da nossa partilha perguntei-te se acreditavas em almas gémeas, e como não podia deixar de ser, disseste de imediato que já tinhas pensado nisso. Será? Era a pergunta que ecoava nas nossas mentes.

Ao primeiro contacto físico, o inexplicável tornou-se ainda mais inexplicável, quando sentimos o chão fugir debaixo dos nossos pés enquanto os nossos braços se envolviam num abraço em que de dois corpos se fez apenas um, e as nossas almas rejubilavam de alegria. Lembras-te, meu amor, do nosso primeiro abraço, feito de emoção, de ansiedade… de amor!? Não digas nada, eu sei que haja o que houver, todas estas sensações foram vividas da mesma forma por ambos, um homem, uma mulher… A nossa entrega foi tão corpo e alma, a paz que alcançamos juntos tão imensa, os voos que voei nas tuas asas tão sublimes, que tentar transformar em palavras estas emoções fica por demais difícil. Resta-me o consolo de ter a certeza de que tu entendes tão bem o que digo.

Admiro-te por quem és, sinto que me completas, existe uma paz sempre que estás presente, e que desaparece gradualmente, à medida que te afastas e só regressa com o teu regresso. Acredito, que em vidas passadas nós já nos tivéssemos cruzado, lembras-te de me dizeres que já conhecias os meus lábios? Imaginas a intensidade da emoção que tomou conta de mim nesse momento? Para muitos poderão ser só palavras, e tu já me disseste tantas de fazer a alma quase rebentar de tão cheia… mas para mim não são apenas palavras, reconheço-as na autenticidade de quem as diz como se viessem de dentro de mim.

Mentiria se dissesse que nunca antes me tinha sucedido algo parecido. Parecido sim, igual não. Sempre te disse que achava que um novo amor nunca apagava os amores anteriores, eles existiram sim, falei-te sobre todos eles, da mesma forma que me partilhaste a tua vida, não retirei ponta da importância que todos os meus amores tiveram na construção desta pessoa que sou hoje, tão pouco te omiti tudo o que tinha acontecido na minha anterior “experiência”. E porque não igual? Porque contigo eu senti que era possível, as nossas sintonias eram mais evidentes ainda, e a nossa circunstância, pensava eu, mais propícia, a felicidade estava ali e só dependia de nós para ser vivida, e eu queria… tanto…

Queria poder viver-te e partilhar contigo tudo de mim, quem sabe um dia construirmos os nossos sonhos juntos, perseguirmos a sua realização, e chorarmos abraçados a cada tentativa inglória, e pularmos de alegria juntos a cada vitória, mas sempre juntos, de mãos dadas, principalmente nas encruzilhadas. Ser o teu abrigo quando te sentisses triste, dar-te o meu colo sempre que mo pedisses, ou adivinhar-te o desejo mesmo sem que falasses, e estar sempre, mas sempre do teu lado, nem um passo à frente, nem um passo atrás, ao longo do caminho de que a vida se faz.

Porém, não havia de ser assim a realidade, pois pouco tempo demorou até que me confessasses do improvável de que os nossos desejos se concretizassem. Não entendi, se os desejos são de ambos e na mesma medida, nada poderia existir que pudesse impedir a sua realização. Ainda hoje penso assim…
Tu falas, eu escuto sempre com alma e coração abertos. Eu falo, tu escutas da mesma forma, e acenas-me com a cabeça em sinal de concordância. No entanto o teu olhar entristece, e cai, e eu contenho as lágrimas que não quero chorar, e ficamos assim, abraçados, sentindo apenas, que haja o que houver… Estamos juntos! Não há lugar para cobranças, apesar de todos os sentimentos menos bons que muitas vezes me assaltam mas que o Amor que existe em mim acaba por conseguir debelar.

Hoje, quando penso, comparo-nos ao Sol e à Lua.

Tu és o Sol. Homem, forte, tenaz, sofredor convicto mas firme. Irradias calor e beleza de uma forma tão especial, tão única.

Eu sou a Lua. Mulher, tenho fases. Sou frágil e forte, sou alegre e triste, também tenho a minha beleza, ainda que de uma forma diferente.

Sinto-te minha alma gémea e tenho tantas certezas quantas dúvidas existem em ti. Compreendo que possamos estar em estádios diferentes de evolução e possivelmente não será possível cumprirmo-nos como tal, ou talvez sim.

O Sol e a Lua também são almas gémeas. Li um dia, que viviam juntos quando tudo começou, mas que Deus entendeu de que se deviam separar para cada qual cumprir o seu papel. A Lua ficou tão, mas tão desolada, que Deus achou por bem criar as estrelas para lhe fazerem companhia e para que a Lua deixasse de chorar, mas ainda assim ela permanecia triste. O Sol, embora sofresse bastante, era mais forte e intercedia sempre por ela junto de Deus. Então Deus criou o eclipse, esse raro e belo momento em que Sol e Lua se unem e se amam intensamente, de tal forma que nunca se deve olhar um eclipse à vista desarmada, tal a intensidade do brilho.

Assim são os nossos momentos, como um eclipse. Únicos, intensos, de um brilho como não há igual.
Eu continuo triste em alguns dias, alegre noutros, mas viva em todos! A tua força dá-me força, e o nosso amor é consciente e único, e se for este o meu papel nesta vida, cumpro-o feliz, pagando o preço de alguma ilusão sobre uma próxima vida...

Escrito para: Fábrica de Histórias


[2011/02/26]

19 Responses to "Alma Gémea"

  1. Sónia da Veiga Says:

    WOW!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    Deixaste-me completamente avassalada...

    Credo mulher, que isso é que é AMOR!!!

    Senti cada palavra que escreveste como se me tivesse saído directamente da alma e, se me permites, há só uma coisa que te posso dizer: há almas que precisam de se sentir livres para serem verdadeiramente felizes, mesmo que já não o sejam por força dos sentimentos de partilha com outra. Para essas almas, falar no futuro com certezas é criar medos, é criar barreiras, é emparedar um sentimento que é tão vasto como o Universo e, como tal, tem que estar livre para expandir cada vez mais.
    São almas que vão sempre permanecer juntas, que vão sempre sentir o que a outra sente, por muito separadas que estejam, mas que devem viver na certeza do momento, só e apenas. Claro que se pode sonhar, mas mais vale ir vivendo o hoje felizes que entristecerem pensando no que poderá ser...
    São almas que são uma só, por muito tempo que passe e vidas que cruzem, pois estão amarradas para todo o sempre...

  2. João Roque Says:

    Muitíssimo bom o texto e linda a foto, a condizer.

  3. Unknown Says:

    Sónia, muito obrigada :) esse WOW foi altamente (risos)

    Não estava muito satisfeita com o resultado da escrita e agora já fiquei mais satisfeita :)

    Concordo em ABSOLUTO com o que dizes sobre essa almas que têm de estar livres - mas nesta história que criei, imaginei uma alma aprisionada por uma qualquer circunstância. Por outro lado,o Amor que aqui retrato na primeira pessoa, não tem por objectivo aprisionar alma alguma, pelo contrário. Por vezes, é a vivência integral de um grande Amor que nos dá toda a liberdade, não sei se me faço entender... ;)

    Mas estas almas, sim, estão sempre juntas, seja de que forma for...

    Um beijinho

  4. Unknown Says:

    Pinguim,

    Muito obrigada, amigo.Realmente não estava muito contente com o texto, embora com a ideia em si, sim.
    Mas a critica até agora foi-me favorável :))

    beijinhos

  5. Dina Vieira Says:

    Depois do que li não sei se o meu coração vai aguentar muito mais tempo...Sou uma pessoa com uma sensibilidade extrema,choro de alegria e choro de dor...Acabei de inundar o computador de lágrimas,com todas as tuas fortes,profundas e magníficas palavras.
    Adorei...

  6. Unknown Says:

    Claro que aguentas, Dina! Chorar lava-nos a alma :)

    Obrigada, fica bem

  7. Ametista Says:

    Sublime a tua história.. senti um arrepio na pele..
    Desejo que essa tua paz dure até sempre e se repitam eternamente esses eclipses..
    Ler-te é encantador..

    Um grande beijinho :)

  8. Unknown Says:

    Puxa, Leonor... obrigada :))

    Sabes, já o disse ali atrás, mas quando acabei de escrever senti que estava um pouco aquém :) Embora tenha depositado toda a minha emoção no texto, a nível da escrita em si, deixou-me não totalmente satisfeita :)

    Mas pelos vistos foi só a mim, pelo que muito agradeço do fundo do coração :)

    Ainda não te li, mas assim que der dou lá um pulo :)

    Beijo grande e boa semana [mais calminha ;)]

  9. Cláudio Says:

    E assim é a tua escrita, como um eclipse, única, intensa e de um brilho que não há igual. Quando se deposita toda a emoção num texto resulta nisto! Saliento o comentário da Sónia, aquele «wow!!!!!» representa em pleno a sensação de quem leu.

  10. Unknown Says:

    Cláudio...

    ... deixas-me sem palavras... e eu que sempre pensei que nada me calaria :)

    Muito obrigada, um beijinho e boa semana

    PS (hehe) esta semana não nos ofereceste o prazer imenso que é ler-te... Sim, estou a cobrar ;)

  11. ónix Says:

    Fiquei sem palavras... maravilhosamente bem escrito, com uma emoção fora do vulgar e perfeitamente arrasador. Senti um arrepio ao ler-te! Muitos parabéns.
    Beijinhos

  12. Unknown Says:

    Ónix,

    Muito, mas muito obrigada, começo a ficar mesmo sem saber o que dizer...
    Escrito com emoção foi, sem dúvida!

    Um beijinho

  13. Anónimo Says:

    arrepiante... e triste... diria, como todas as verdadeiras histórias de amor! Também fiquei com o estômago apertado a questionar um "porquê?" beijinhos

  14. Closet Says:

    o comentário antes foi meu... sorry, mas não percebo muito do blogspot! bjs

  15. Unknown Says:

    Olá Closet :)

    Não tens de pedir desculpa, ora essa! ;)

    Obrigada pela tua tatuagem...
    Porquê, é uma boa pergunta! Mas....

    Um beijinho

  16. ana p Says:

    Andam bonitas as historias por aqui...
    Beijo Nat
    Bom fim de semana

  17. Unknown Says:

    Obrigada, Mag, por continuares sempre a passar por aqui, obrigada por gostares :), anda bonita a minha vida :)

    Um beijo e bom fim de semana também

  18. Chinezzinha Says:

    estou sem palavras Natacha.o texto é lindíssimo.
    que andava eu a perder lá no FB.
    beijinho:)

  19. Unknown Says:

    Querida Ana, que bom voltar a ver-te por aqui :)

    Muito obrigada!!

    Sabes, não precisamos de abdicar de nada, basta conciliarmos vontades, interesses, e tempo :)

    Beijo grande e bom fim de semana

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