Quando a cada fim de dia, devolvo a minha mente cansada ao conforto descabido do vazio, quando atiro este corpo que me transporta para o inusitado calor daquele tapete, e me inundo das lembranças do futuro, rolam as minhas lágrimas livres, felizes. Fito a composição de velas que sempre gosto de ter, que me aconchegam, quase me acarinham, como se se tratasse de uma lareira onde quase posso ouvir o delicioso som do crepitar da madeira. Ardem-me os olhos, tal e qual o lume, a brasa, poderiam fazer arder, e no fundo, apenas uma vela acesa, no meio de tantas, no ar, o aroma quente da canela...
É aquela chama, acendo uma única vela, que no escuro onde me encontro, me convida para uma dança. Nas paredes, bailam os contornos do seu ondular, e na minha mente, ausentam-se os dramas, as consciências, tomam conta as loucuras, as essências...
No peito nasce um ardor, o corpo vira sedutor, a música, sempre presente em mim, compõe a banda sonora deste momento intimista comigo própria, sinto o abandono que o cálice de Porto ajuda a concretizar. Num delírio, toma posse o sorriso, o brilho no olhar, a dança sensual, e aquela chama, que comigo dança e que me tira do lugar.
Excita-me o erotismo da chama que me envolve a alma e me embala na solidão desta dança. Sinto-me embriagada de sensações, de suaves recordações, enquanto o meu corpo se desnuda, os movimentos se aveludam, e eu já não consigo mais parar.
Tocam-me os dedos do desejo, chego-me dentro de mim, percorro-me como um caminho sem fim, onde às cegas me sei encontrar. E por fim, no espaço esgotado de mim, no último suspiro de prazer, é a ti, que vejo em frente de mim, projectado pela chama daquela única vela, com aroma de canela.
Encontrei-te: És-chama-em-mim!
Escrito para: Fábrica de Histórias
[2011/01/27]
28 de janeiro de 2011 às 01:15 �
Olá, Natacha
A luz das velas faz bem à alma e inspira-nos..
Simplesmente lindo..
Um beijinho
28 de janeiro de 2011 às 11:02 �
Muito obrigada Ametista, vindo de uma pessoa que escreve como tu escreves, é um grande elogio, obrigada mesmo!
Beijinho
30 de janeiro de 2011 às 02:02 �
Belas as tuas palavras... as velas inspiram mesmo.
Beijinhos
30 de janeiro de 2011 às 18:50 �
Olá Ónix :)
Como é bom ver aqui no meu cantinho tanta pedra preciosa junta :) Obrigada pela tua presença que engrandece o meu espaço, e pelas palavras na tatuagem que deixas :) Muito obrigada!
Um beijinho
31 de janeiro de 2011 às 20:46 �
Um dia hei-de escrever assim!
Brilhante, e não é só da luz das velas! : )
31 de janeiro de 2011 às 21:05 �
Olá Cláudio!
Obrigada pelas tuas simpáticas,porém exageradas, palavras :)
Um beijinho para ti
31 de janeiro de 2011 às 21:15 �
Brilhante, como é hábito em ti, principalmente quando o tema é o Amor.
31 de janeiro de 2011 às 21:36 �
Meu Amigo Pinguim... já me acompanhas há tanto tempo!! Agradeço do fundo do coração a tua presença e as tuas palavras.
Muito obrigada! Um Beijinho...
31 de janeiro de 2011 às 22:16 �
Muito bonito e envolvente Natacha.
Parabéns!
Boa semana e boa escrita.
31 de janeiro de 2011 às 22:30 �
SDaVeiga
Muito Obrigada!! Continuação de boa semana e boa escrita :)
Um beijinho
31 de janeiro de 2011 às 23:50 �
Gostei muito do texto,super envolvente.Os meus Parabéns e obrigada por partilhares o dom da tua escrita.
1 de fevereiro de 2011 às 20:52 �
Dina,
Sou eu quem tem a agradecer, acredita!