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Não lhe conheço rosto, nem desenho na retina do meu olhar o contorno do seu corpo, se o tem. Sinto-lhe, isso sim, a presença forte, intensa do que nos traz à consciência a verdadeira importância que existe no estarmos simplesmente vivos.
Dela, ou dele, emana um aroma inebriante, misto de madeira e canela, com reminiscências de maçã. E sei que está lá sempre que eu preciso de me encontrar comigo, sempre que eu preciso de, de novo, encarrilar no rumo certo, aquele que me aproxima do simples, do verdadeiro, do naturalmente natural, do ser para além do ter.
Não falo do banco, que permanece estático por debaixo da árvore e que acolhe quem passa e busca o alento de um descanso, nem falo do arbusto que ondula ao sabor da brisa e que faz companhia ao banco.
Não falo das milhares de pessoas que por ali passam sem perceber que existe tanto mais por detrás de um simples banco de madeira de costas voltadas para o mar.
Não lhe conheço rosto e no entanto sei que é belo, ou bela, porque também não lhe conheço o género. Não lhe conheço os contornos do corpo, ou se o tem, mas sei que enche com a sua energia todo o espaço.
Não fala comigo, não me tece elogios ou procura seduzir-me com artes e manhas. Não quer nada em absoluto de mim. Convive comigo porque ao invés de lhe querer roubar o lugar e o protagonismo, limito-me a querer usufruir dele, ou dela, com o intuito de me tornar uma pessoa cada vez melhor.
Não tem nome, porque é aquilo que nós quisermos que seja. Para mim pode ser o mar, e para ti pode ser uma batucada, para mim pode ser a Lua e para ti pode ser o Sol.
Não é concreto, porque está presente no que nós escolhermos para ser nosso incentivo, nossa fonte de alma. Não tem fim, também não tem começo.
Inspira-me o que me cativa. Inspira-me tudo e todos os que me sabem ver por dentro e de dentro para fora. Diferente, não é ser musa, diferente é ser instigador de vontades e de buscas, ainda que incessantes, pelo que na verdade importa nesta vida. Diferente é despertar consciências.
Diferente és tu, que estás presente na minha vida, que permitiste que me alimentasse de ti, da tua sabedoria, dos teus ensinamentos, e em troca, apenas me pediste que te fizesse sentir, e que te desse a paz.
Musa, ou inspiração, são todos os pequenos momentos em que me emociono. Diferente é isto, a capacidade de nos emocionarmos...
Escrito para: Fábrica de Histórias
[2012/03/11]
12 de março de 2012 às 16:23 �
Na verdade, não deixa de ser um ideal, um objectivo que seguimos
12 de março de 2012 às 17:42 �
"Inspira-me o que me cativa"
e sem duvida esta historia é bem cativante, ora inspiradora
parabéns :)
beijos cúmplices
12 de março de 2012 às 21:40 �
Olinda, sejas bem aparecida aqui e na Fábrica de Histórias ;)
Obrigada pela tua tatuagem
12 de março de 2012 às 21:42 �
Cúmplice :)
Obrigada pelas palavras em forma de tatuagem!É bom saber que transmitimos algo ;)
Beijos em cumplicidade ;)
13 de março de 2012 às 23:33 �
Eu deixei um comentário ontem aqui...ohhhhhh
Era a dizer que gostei muito do texto...
Beijinhos
Cláudia
14 de março de 2012 às 18:16 �
Cláudia :)
Achei estranho teres comentado um texto anterior e este não, mas pensei que não tivesses gostado :p
Obrigada, minha querida :) Beijosss
29 de março de 2012 às 19:35 �
Fantástico, querida Natacha. Que dizer mais para além de que as tuas palavras voam numa dança silenciosa e bela, imensamente bela..
Um grande beijinho com saudade :)
29 de março de 2012 às 22:47 �
Muitas saudades, Leonor :)
Obrigada sempre pelas tuas palavras que me enchem a alma :)
Beijo enorme