17:55
Patrícia olhava agora para o coração desenhado na areia. O seu olhar era nostálgico, perfeito para um fim de dia de um fim de verão. Dentro daquele pequeno coração moravam momentos intensos, muitos momentos para tão curto período de tempo, tantos momentos quantos grãos de areia.
Ela já tinha ouvido falar de amores de verão, as suas primas mais velhas raro verão não se apaixonavam perdidamente por alguém e ela, agora com 16 anos, lembrava-se das lágrimas das suas primas, dos corações desfeitos no fim de cada verão, mas ela não. Ela tinha vivido o seu primeiro amor de verão e sorria agora olhando aquele coração que tão bem representa aquilo que é, na realidade, um amor de verão. - Efémero, todo e qualquer amor de verão é efémero, pensava Patrícia enquanto via a maré a encher e a apagar o desenho do coração feito por Phillipe há umas horas atrás, antes de se despedir para partir para o seu país de origem.
Efémero sim, mas ainda assim um amor! Ela soube-o desde o início. Desde que se cruzaram naquela festa e trocaram as primeiras palavras além dos primeiros olhares. Embarcou neste amor como adolescente que era, mas também com a tranquilidade de quem sabe o que a espera e aceita ainda assim.
Ao fundo, crianças ainda brincavam no dourado fim de dia de verão. Os seus sorrisos ainda vibravam no ar, misturados com o som das gaivotas que chegavam agora mais perto à medida que a praia ia ficando despida de gente. Estava tudo a acontecer ali à volta, mas Patrícia, e o seu olhar nostálgico, apenas viviam o acontecimento do mar lavando um coração que se desenhou na areia mas que jamais podia lavar as emoções vividas pelos dois adolescentes naquele verão. Patrícia crescia naquele momento muito mais que os centímetros que tanto sonhara crescer, e de si para consigo disse: "tenho tempo, um dia desenharei um coração na pedra, de onde nenhum mar, nenhum vento o possa apagar..."
Enquanto estava absorta neste pensamento, sentiu uma mão tocar-lhe o ombro e chamá-la. Era Bernardo, seu colega e amigo desde que ela se recordava. Sorriram-se-lhe os olhos ao mesmo tempo que o escutava dizer-lhe: "um dia, perceberás que todo e qualquer coração que guardes dentro do teu, nunca nada nem ninguém o apagará..."
Sairam os dois da praia, sorrindo para o fim de mais um verão inesquecível e na certeza de que para o ano há mais.
Escrito para: Fábrica de Histórias
[2011/09/10]
15 de setembro de 2011 às 22:24 �
Quem não teve amores(?) de Verão?
17 de setembro de 2011 às 00:37 �
Eu tive :)
Experiências enriquecedoras, embora a maioria deles tenham sido completamente platónicos :)
17 de setembro de 2011 às 20:49 �
Oi Natacha...Uma história mesmo com gostinho de verão, de adolescencia, de tempo gostoso da vida. Muito leve! Gostei!
Beijos e bom fim de semana!
22 de setembro de 2011 às 01:01 �
Adorei a tua história..
Ando um pouco ausente, mas a vontade de voltar com assiduidade é tão maior..
Saudades.. muitas..
23 de setembro de 2011 às 16:14 �
Olá Ivete, já tinha saudades tuas :)
Tenho andado sem inspiração, sem vontade, se ânimo, enfim sem muitas coisas, mas preciso dar a volta a isso! creio que falta só mais um pouco para que volte com uma maior força.
Obrigada por passares aqui. Um beijo grande
23 de setembro de 2011 às 16:15 �
Leonor,
Parece que estamos as duas numa fase menos boa, mas a nossa vontade vai mudar isso, né?
Um grande beijinho
26 de setembro de 2011 às 23:51 �
Natacha
Quem me dera ter 16 para poder viver estes amores de Verão. Quem não os viveu?? Reportei-me à minha juventude...
Beijinhos
27 de setembro de 2011 às 12:27 �
É verdade, Ónix :) quem não os viveu! tempos que não voltam, mas todos os anos há Verão... pelo menos por enquanto :)
Beijo grande