In the arms of the angel - sarah McLachlan
Venho contar-te um segredo.
Quando se aproximam as noites que tanto temo, e chega a hora em que tenho de fechar os meus olhos ao Mundo, não me contenho. É nessas alturas que deixo que as lágrimas expurguem tudo o que vai cá dentro. Tudo o que a água do duche não foi capaz de fazer desaparecer pelo ralo. E quando finalmente as lágrimas embalam o meu sono para outra dimensão, eu reinvento os meus sonhos por concretizar, eu perdoo quem me magoou, mesmo sem saber, e perdoo-me a mim própria por alguns julgamentos fáceis em que incorri, movida pela pressão desta sociedade manipuladora da qual procuro fazer parte, sim, mas à minha maneira e tentanto não me deixar apenas levar na corrente.
E venho aqui ter contigo, e aqui te encontro sempre. E aqui continuo a agradecer todos os dias por te ter conhecido. Tu não entendes muita coisa, mas eu também não sei explicar melhor. Sei que me entrego na plenitude do meu Ser, mas isso nunca parece ser o suficiente, mas não me arrependo. Onde estou só sei estar inteira. Tu ouves-me, e eu sinto-me bem. Depois passa, e eu sinto-me perdida. Vagueio pelos corredores da minha solidão como se esta pudesse ter um fim, mas percebo sempre que por muito que os meus passos acelerem, por muito que pareça estar a alcançar o fim, afinal era só e apenas mais uma curva no caminho. não desisto, porém...
Quando penso que acordo, vejo-me menina, de olhar cheio de Esperança e Amor, encarando o Mundo da minha janela aberta e vendo sempre algo de bom, mesmo quando aparentemente nada era bom de facto. Quero de volta essa ingenuidade que a vida adulta tenta roubar-me...
Afinal não tinha acordado, tinha apenas passado a uma outra dimensão de um mesmo sonho. Neste se misturam imagens difusas de uma menina, acho que sou eu mesma, correndo num labirinto de encruzilhadas, primeiro com um sorriso estampado no rosto e uma alegria imensamente infantil, mas depois, subitamente, deixando-se tomar por uma expressão facial de angústia, medo e dor, motivada pelas tomadas de decisão a que era obrigada cada vez que o caminho se desmultiplicava em mil direcções.
Acordei, agora sei que acordei, em sobressalto, com mil cavalos no lugar em que eu julgava devia estar o meu coração, batendo a compasso. Subi apressada às águas furtadas como se à minha espera estivesses tu, para que eu pudesse apaziguar a minha alma com o meu olhar. Lá estavas tu, sentado , encarando a lua cheia numa noite morna. Aproximei-me de ti, e inexplicavelmente tomei o teu lugar, tornando-me tu próprio em mim. Diz a ciência que dois corpos não ocupam o mesmo espaço, mas eu não sou de ciências, sou de letras. Como tal eu digo, dois corpos podem ocupar o espaço de uma única Alma.
Onde quer que estejas eu estou contigo... e esse é o segredo!
Texto escrito para : Fábrica de Histórias
[2011/04/01]
2 de abril de 2011 às 00:53 �
está muito bonito este texto.
beijinhos e bom domingo:)
2 de abril de 2011 às 15:55 �
Obrigada, amiga :)
não me sinto nada inspirada, mas gosto de participar dos desafios ;)
Um beijinho e bom fim de semana
2 de abril de 2011 às 17:59 �
Adorei que tivesses partilhado tão doce segrego Natacha!... Ah!...
Beijos meus,
AL
2 de abril de 2011 às 19:16 �
Obrigada pela presença AL!
Acabei de me arrepiar lá pelo teu POLIEDRO ...
... tenho pena de não aparecer na minha lista de blogs, mas penso que seja pelo disparate dos conteúdos inapropriados :(
Mas vou passando, vou seguindo e ... adorando :)
Um beijo
2 de abril de 2011 às 23:31 �
eu também sou de letras e os cientistas não me convencem... não só acredito que 2 corpos "podem", como defendo que "devem",ocupar o mesmo lugar, seja de que forma for :) o final está muito bom! beijinhos e boa semana!
3 de abril de 2011 às 15:08 �
Concordo em absoluto contigo, Closet! É isso mesmo :)
E muito obrigada pela presença e tatuagem ;)
Beijinho e bom fim de semana
4 de abril de 2011 às 23:50 �
Um lindíssimo segredo,amiga Natacha. Tu tens uma força de expressão muito bonita nas palavras que por aqui vais deixando... Obrigada, por nos levar nos teus sonhos!
Beijinhos
5 de abril de 2011 às 00:44 �
Obrigada Ivete :)
tenho para mim que este tipo de segredos não devem ser mantidos ;)
O Mundo precisa de amores verdadeiros...
Um beijinho
5 de abril de 2011 às 01:34 �
E não estavas inspirada :)
Ainda não encontrei algo escrito por ti, que não estivesse carregado de sentimento. Isso é arte. Obrigado por partilhares os teus segredos. E como diz Abrunhosa:
Quando todos vao dormir
é mais facil desistir.
Quando a noite esta a chegar
É dificil nao chorar.
5 de abril de 2011 às 09:23 �
Cláudio,
Obrigada pelas tuas palavras, não é tanto assim, no entanto.
O Abrunhosa tem poemas fantásticos, e este "difícil" veste mesmo bem o meu texto...
Um beijinho...
5 de abril de 2011 às 20:12 �
Querida Natacha,
As tuas histórias são de uma sensibilidade extrema e inabalável.. e eu tropeço nas palavras e fico sem saber o que dizer mais..
Ler-te é comovente..
Um grande beijinho :)
5 de abril de 2011 às 22:15 �
Disseste tudo quanto é importante dizer, Leonor... e eu agradeço-te cá do fundo do coração por isso :)
Às vezes temo ser cansativa para quem me lê ... :)
Um grande beijinho para ti
15 de abril de 2011 às 12:54 �
Olá Natacha
Os teus textos são sempre inspiradores...é sempre um prazer ler-te.
Beijinhos
16 de abril de 2011 às 20:17 �
Muito obrigada, Ónix!
Acredita que é recíproco o sentimento, adoro ler-te! Tocam-me os teus textos :)
Um beijinho