Algodão, Angola - Fernando Lusbelo


Quando desvendas o que não tem segredo? E deixas que se revelem todos os teus medos?
Sei o dia em que vais deixar que eu sinta o que não sabes explicar.
Porque já sinto aquilo que não sei entender.
Não sou todos os dias eterna, serena ou etérea...

Sou de alma que se perde em ti,
e sou de corpo, que se encontra em ti...
Sou de dor e amor, feita de pedaços de vida,
E em ti, serenamente linda,
Sou de anseios, desejos e sonhos,
Lutas travadas e conquistas magoadas
De lágrimas sofridas e muito salgadas

Mas também sou de mel e de fel...
Sou de sorrisos rasgados e sentidos
E também posso ser bem cruel
De sonhos que nunca dou por perdidos
De abraços apertados e esculpidos
Sou de Esperanças e destas nunca falsas,
Sou de mãos inquietas e exploradoras
De línguas perdidas em tangos e valsas...

Persistente e obstinada!!...

Como tu! Não desisto...

... e como me sabes perceber!!!

Diria... sou como o algodão...

... não engana...

[2008/11/03]

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